São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996 |
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Preso sem-terra acusado de assassinato
IRINEU MACHADO
Martins integra um grupo de trabalhadores rurais que invadiu uma fazenda em Imperatriz (624 km a sudoeste de São Luís). Os invasores não mantêm vínculo com o MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Ribeiro foi morto anteontem a três quilômetros do local onde 91 famílias estavam acampadas desde o último dia 14, na fazenda Gleba Piquiá-Brejão (5.600 hectares). Segundo o laudo da polícia, ele teria sido vítima de um tiro de espingarda nas costas e dois golpes de facão no pescoço. O delegado Arlindo de Assunção da Silva, que preside o inquérito sobre o caso, afirmou que Martins teria confessado o crime. Além disso, de acordo com o policial, o trabalhador rural teria relatado que contou com a colaboração de um outro homem, conhecido apenas por José Maria. "Eles suspeitavam que Ribeiro era um informante dos proprietários da fazenda infiltrado entre os ocupantes", disse o delegado. José Maria está foragido. Ontem, um grupo de cerca de cem policiais militares, cumprindo determinação judicial, acompanhou pela manhã o despejo das famílias da fazenda, de propriedade de José Osvaldo Damião. Não houve confronto. Após o despejo, os sem-terra acamparam às margens da BR-010 (rodovia Belém-Brasília), a oito quilômetros da propriedade. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Imperatriz, que organizou a ocupação, Luis Vaz Rego, está sendo planejada uma viagem das famílias no próximo sábado a São Luís. "A intenção é ocupar a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Estão todos muito revoltados com o despejo", afirmou. O executor-substituto do Incra em Imperatriz, Wadir Medeiros Oliveira, afirmou que há um processo de desapropriação da fazenda Gleba Piquiá-Brejão em andamento há quase dois anos. Estaria faltando apenas, segundo ele, indenização pelas benfeitorias da fazenda. A Agência Folha não localizou ontem por telefone o proprietário da fazenda. A prisão de um dos invasores e o despejo das famílias sem terra levaram o sindicato de Imperatriz, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) a cancelar a programação de ontem para a comemoração do Dia do Trabalhador Rural na região. Texto Anterior: Juiz de SP faz teste de alfabetização Próximo Texto: Secretário tenta manter acordo no Pontal Índice |
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