São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Juiz de SP faz teste de alfabetização

Justiça de Paulínia testou 115 candidatos

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça Eleitoral de Paulínia (120 km de São Paulo) convocou 115 de seus 295 candidatos às eleições municipais para um teste de "verificação de alfabetização".
Segundo o juiz da cidade, Ricardo Sevaldo Gonçalves, o objetivo da avaliação é cumprir a lei. A Constituição Federal -artigo 14, parágrafo 4º-, prevê que os analfabetos não podem ser eleitos.
O exame foi obrigatório para os candidatos que não tinham o 1º grau completo. Foram pedidas cópias dos diplomas para os que declararam grau de instrução superior ao ginasial.
"Quis determinar quem é analfabeto. Analfabeto é alguém que não sabe ler e escrever", disse Gonçalves.
O "vestibular" consistia em um ditado -feito pelo próprio juiz-, e uma leitura. Os textos foram extraídos da Constituição e do livro "Serões de Dona Benta", de Monteiro Lobato.
"O livro foi uma sugestão de meu filho. E a Constituição é o documento básico, essencial para quem quer ser um legislador", explicou o juiz.
Segundo ele, a desenvoltura da pessoa e erros de ortografia não foram levados em conta.
Na avaliação de Gonçalves, só seis ou sete "vestibulandos" foram reprovados.
A prova será anexada ao pedido de registro do candidato, como justificativa para a recusa da participação nas eleições.
Um dos candidatos à prefeitura da cidade também foi submetido ao teste. Adélsio Valdovello (PMDB) é o vice da atual administração.
A assessora de Valdovello disse que ele sabia não ter sido reprovado no exame. Os resultados não foram divulgados.
Carlos Ramalho Queiroz (PRONA), candidato a vereador, declarou que a prova "estava muito difícil". Queiroz só estudou até a 7ª série do 1º grau.

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