São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Governo não teme a alta de juro nos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, disse ontem que o governo tem "ampla mobilidade" para agir no caso de ocorrer a alta dos juros e a queda do mercado acionário nos Estados Unidos.
Ele participou do seminário "Banco Central - Uma Visão para o Terceiro Milênio".
"Assim como podemos remover restrições à entrada do capital estrangeiro, temos agilidade para colocá-las novamente em vigor", disse ele.
Franco respondeu às previsões feitas na véspera por Francisco Gros, ex-presidente do BC e hoje executivo do banco de investimentos Morgan Stanley.
Segundo a tese de Gros, haverá uma retração no mercado internacional por causa da queda do mercado de ações, e a taxa norte-americana de juros anuais subirá de 7% para 8%.
Essa alta de juros pode levar os investimentos estrangeiros para fora do Brasil, em busca de rendimentos maiores, disse Gros.
Os indicadores no Brasil são muito bons, se houver uma retração no mercado externo, afirmou Franco: o volume das reservas se aproxima dos US$ 60 bilhões, o déficit público é financiável e as aplicações estrangeiras nas Bolsas de Valores são pequenas.
Ou seja, se houver fuga de capitais, o capital estrangeiro aplicado nas Bolsas não afetará o nível dos investimentos externos no Brasil.
O aumento dos juros norte-americanos, segundo Franco, vai facilitar a atuação do governo brasileiro. "Teremos menos trabalho para enfrentar a abundância de capitais especulativos que são atraídos para o Brasil".
"Não vejo nada de dramático nas mudanças do mercado internacional, nem características de crise", disse ele.
Entre as restrições adotadas pelo BC para reduzir a entrada de capital estrangeiro estão o aumento da tributação e o alongamento dos prazos mínimos de permanência.
Contas públicas
Sobre o déficit público, Franco disse que a meta do governo é terminar 1996 com esse resultado negativo representando entre 4% e 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto), no conceito nominal (que inclui juros e correção monetária).
Segundo ele, a intenção é atingir um valor "ligeiramente abaixo da média européia".
Franco não quis comentar a tese de Gros de que a Argentina terá dificuldades em atrair recursos estrangeiros necessários para cobrir seu déficit público, caso ocorram mudanças no mercado norte-americano.

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