São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Tática dá bronze a 'palmeirense'

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA

O judô brasileiro passou a ser, ontem, com a medalha de bronze obtida por Henrique Guimarães na categoria meio-leve, o segundo esporte do país em número de conquistas olímpicas, com um total de oito medalhas.
O judô era o terceiro esporte, com seis medalhas, atrás do atletismo (dez) e iatismo (sete).
Após o bronze de Fernando Scherer, ontem, nos 50 m livre, a natação também soma oito medalhas. O judô, porém, tem duas de ouro, e a natação, nenhuma.
É provável que o iatismo recupere sua posição, mas a festa do judô foi intensa no final da tarde de ontem, com o feito de Guimarães.
"Essa vitória vai para o Brasil, tão carente de medalhas", disse o judoca do Palmeiras, 24 anos, às lágrimas, depois de derrotar o belga Philip Laats.
O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou um telegrama ao judoca, cumprimentando-o pela conquista.
O brasileiro começou o dia derrotando o lutador francês Larbi Benboudaoud e, seguir, o sul-coreano Sung-Hoon Lee.
Na terceira luta, veio o tropeço: foi vencido pelo húngaro Jozsef Csak, medalha de prata em Barcelona-92. "O cara enrolou ele muito bem e conseguiu neutralizar sua postura", avaliou o outro bronze do judô em Atlanta, Aurélio Miguel, ouro em Seul-88.
A derrota deixou Guimarães fora da disputa pelo ouro. Restava-lhe lutar pela medalha de bronze -que no judô, como no boxe, são duas, uma para cada chave.
Na repescagem, começou vencendo o sul-africano Ducan Mackinnon. Na luta seguinte, contra o búlgaro Ivan Netov, obteve um ippon -o golpe fatal e perfeito.
Com isso, chegou à disputa pelo bronze da chave B. Não obteve um ippon, que, segundo Aurélio Miguel, é sua característica, mas realizou bons golpes.
Iniciou com um koka (punição ao adversário ou um golpe pouco perfeito) e um waza-ari (quase perfeito). Com uma segunda punição ao belga, o duplo koka valeu por um yukô (menos perfeito que waza-ari, mas superior ao koka).
Guimarães ficou, então, com a luta praticamente ganha. Uma nova punição aplicada, desta vez aos dois atletas, assegurou-lhe a vitória por dois waza-ari.
"Ele jogou de acordo com a regra", disse Aurélio Miguel, admitindo que Guimarães forçou as faltas. "O belga mereceu as punições por não ter saído para lutar."
Para o técnico Geraldo Bernardes, a luta foi "tática". "Nós sabíamos qual eram os pontos fortes e fracos do adversário, e o Guimarães soube se aproveitar", disse.
"As duas primeiras lutas foram mais difíceis", disse Guimarães.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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