São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Projeto para o futuro da natação brasileira

RICARDO PRADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Como é para um atleta, realmente, chegar um Jogos Olímpicos com boas chances de medalhas? É, no mínimo, complicado.
Nos meses que precedem as Olimpíadas, muitos dos atletas de ponta de todo o mundo se concentram somente na preparação específica para a sua prova.
Eles deixam de lado aquela necessidade de mostrar resultados que os apontem como favoritos a medalhas.
Por outro lado, outros, como os nadadores norte-americanos, por exemplo, têm de nadar bem antes dos Jogos ainda para passar pelas disputadas seletivas e se classificar para a equipe olímpica.
O nome do jogo para o atleta de alto nível é "superação".
Ele tem que se superar para atingir o objetivo final, que pode variar de uma simples melhora em seus índices até a tão sonhada medalha de ouro olímpica.
Poucos, contudo, sabem que o estágio de superação é fruto de trabalho de vários anos e de muito sacrifício.
Os resultados auferidos por nossos nadadores em Olimpíadas e Campeonatos Mundiais estão cada vez mais servindo de estímulo a milhares de crianças para o início da prática da natação.
Contudo, quantas dessas crianças terão chances de chegar a um Mundial ou a uma Olimpíada sem incentivo?
*
Quando falo de incentivo, refiro-me ao dado por pais, patrocinadores, federações e o próprio Comitê Olímpico Brasileiro
E já que mencionei o COB, é ele que determina os índices necessários para participação nos Jogos Olímpicos.
Ora, apesar de a natação ser o esporte mais praticado no Brasil e ter um espaço muito grande na mídia, só dez brasileiros estão nos Jogos.
São eles: Gabrielle Rose, no feminino, e Alexandre Massura, André Teixeira, Cassiano Leal, Fernando Scherer, Gustavo Borges, Luiz Lima e Rogério Romero, no masculino.
Vale lembrar que, no atletismo, esporte em que o Brasil já conquistou ouro em Olimpíadas (Joaquim Cruz em Los Angeles-84), para os Jogos de Atlanta, houve casos em que quatro atletas atingiram índices em uma única prova.
Isso é consequência talvez de um trabalho mais voltado para a base e com maior incentivo financeiro.
Na natação, desde 95, já está sendo realizado, em São Paulo, um trabalho de base voltado para o descobrimento e desenvolvimento de novos talentos.
Chama-se Projeto Futuro/Ricardo Prado e é uma iniciativa inédita de parceria da Secretaria Estadual de Esportes e Turismo com três empresas privadas, a Maritel, a Mortadela Marba e a AGF Saúde.
O governo estadual, por meio da coordenadoria do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, aqui em São Paulo, cede instalações e piscinas.
Quanto à iniciativa privada, o seu patrocínio através de cotas é utilizado na manutenção de técnicos, transporte de atletas, compra de uniformes etc.
Quanto a mim, tento passar aos jovens nadadores da equipe toda a experiência que adquiri ao longo de minha carreira.
Sou um treinador bastante rigoroso e tenho por objetivo contribuir na formação de meus alunos como pessoas leais e honestas, antes de qualquer coisa.
Afinal, a vida não se resume a medalhas.
É um projeto que vai dar o que falar! Esperem até a Olimpíada de Sydney, no ano 2000.
Estamos abertos para formar parcerias com quem acredite no futuro da natação brasileira.
O povo brasileiro agradece.

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