São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Confeccionistas avaliam os preços

JONI ANDERSON
DA REDAÇÃO

As confecções que desfilaram no MorumbiFashion Brasil começam a definir os preços das roupas de sua coleções de primavera-verão, que chegam às lojas a partir do final de agosto.
Para definir esses valores, impostos e encargos com a mão-de-obra são apontados pelos empresários de moda e estilistas como o principal motivo do encarecimento dessas peças, quando chegam ao varejo.
"Somos tributados em várias etapas e isso acarreta um aumento nos preços", justifica o estilista Walter Rodrigues, que desfilou na última quarta-feira. Em sua opinião, um imposto único facilitaria.
Rodrigues tem dois parâmetros de preço: um para as peças exclusivas, outro paras as vendidas em loja. Seu vestido de festa mais barato, feito sob encomenda com desenho exclusivo, em cetim de seda, custa R$ 236,00, para os lojistas (atacado).
O mesmo vestido pode ser vendido na loja por até o dobro desse valor.
"Minhas roupas custam caro porque têm qualidade, são para um público que sabe o quanto elas custam. Utilizo matéria-prima importada: é o melhor forro, a melhor entretela, ombreiras, enchimento... Algumas peças usam estampas de até dez cores, cheias de detalhes", afirma o estilista Reinaldo Lourenço, que mostrou coleção na terça-feira.
"Se comparada com as de Prada, Yohji Yamamoto, Comme des Garçons e Gucci, minhas roupas chegam a ser até 60% mais baratas. As pessoas querem comprar ouro a preço de banana", completa.
A peça mais barata de Lourenço é um top de um ombro só, que vai custar entre R$ 20 e R$ 30. Uma camisa vai custar R$ 200.
Para Graziela Beneduci, da grife Beneduci (que desfilou na segunda), o preço das roupas tem caído nos últimos dois anos.
"Faz parte de um processo de abertura comercial, para que todo mundo se aprimore em qualidade e se prepare para competir. Antes, a oferta era mínima e os tecidos tinham tecnologia atrasada", diz.
O empresário Renato Kherlakian, da Zoomp, concorda. "Hoje, com a reengenharia de produção e a moeda estável, dá para fazer com que sejam cobrados de 18 a 22% a menos, em relação aos preços de três anos atrás."
Segundo ele, o imposto que incide sobre a roupa corresponde a quase 50% do preço final.
"É importante que haja um certo equilíbrio entre o aperfeiçoamento das matérias-primas, o acabamento, a tecnologia e os preços razoáveis. Comparado ao mercado internacional, estamos com os preços equilibrados."
A Zoomp desfilou terça-feira no MorumbiFashion Brasil. Sua peça mais barata vai custar entre R$ 80 e 120, no varejo.

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