São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Para Franco, saída é 'teste', não crise

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, disse ontem que a saída de Domingo Cavallo da condução da economia da Argentina "é um teste" mas não uma crise.
Ele afirmou que não vê necessidade de mudanças nos rumos do Plano Real por causa da queda do ex-ministro argentino. Segundo Franco, a indicação do presidente do BC argentino, Roque Fernández, para substituir Cavallo, indica que o plano de estabilização da Argentina terá continuidade.
Franco foi informado da queda de Cavallo por um bilhetinho passado por um funcionário do escritório regional do BC no Rio, quando fazia uma palestra a respeito dos dois anos do Plano Real.
Ele antecipou o fim da palestra, fez uma ligação telefônica e retornou para responder a perguntas do auditório, começando por falar da queda de Cavallo.
"Lá, tal como cá, o esforço de estabilização, pela grandeza que envolve, não depende de pessoas, não é um processo de heróis individuais, embora possa ter vários -e o ministro Cavallo, certamente, está nesse rol", disse.
Franco acrescentou que o processo de estabilização da Argentina já dura "de cinco a seis anos" e que, nessa conjuntura, a queda de Cavallo deve ser encarada "com serenidade" pelas raízes que o plano já criou.
Na análise do diretor do BC, "o processo de estabilização produz as forças políticas que o apóiam". Com base nos êxitos alcançados, Gustavo Franco disse entender que "dificilmente a sociedade argentina vai aproveitar a oportunidade para trazer de volta o que havia antes do plano".
Antes do plano liderado por Cavallo, a Argentina vivia um processo hiperinflacionário.
"É um teste. Não vamos nos iludir; agora, lá como cá, há sempre momentos de testes", afirmou.
Franco disse que, no Plano Real, um desses momentos de testes foi quando o governo mexeu na política cambial, introduzindo o conceito de bandas de flutuação, em março do ano passado.
Esse momento, segundo ele, foi superado após a turbulência gerada. Franco considera também superada a tese de que a queda nos juros internos, combinada com a alta das taxas externas, provocaria uma fuga de capitais no Brasil.

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