São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996 |
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Brasil espera manutenção do câmbio
SÔNIA MOSSRI
A Folha apurou que a avaliação do Ministério das Relações Exteriores é que o presidente Carlos Menem precisou afastar Cavallo para promover mudanças na política econômica que facilitem a sua tentativa de obter um terceiro mandato consecutivo em 99. O ministro Antonio Kandir (Planejamento) disse ontem que a queda de Cavallo não implica mudanças na política cambial brasileira. Ele lembrou que a situação das reservas brasileiras é de tranquilidade. "Do ponto de vista das implicações que essa mudança possa vir a ter para o Brasil, independente dos desdobramentos, não vejo nenhuma razão para intranquilidade. Já tivemos momentos mais graves, quando ocorreu a crise mexicana", disse o ministro. Cavallo não esconde que busca suporte junto a empresários para concorrer à Presidência em 99. Ele só não se lançou candidato nas eleições do ano passado porque Menem conseguiu aprovar emenda constitucional possibilitando a sua reeleição. A queda de Cavallo não surpreendeu o Itamaraty nem o Palácio do Planalto. Desde o fim de 95, informes reservados do Itamaraty analisavam que a permanência de Cavallo seria difícil diante da insatisfação da cúpula do Partido Justicialista, que apóia Menem, com a impopularidade do ministro. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, informou o presidente Fernando Henrique Cardoso na quinta-feira de que a crise de Cavallo com o governo Menem era incontornável. FHC e Cavallo foram os principais articuladores do Mercosul, que reúne Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Chile. O governo brasileiro está tranquilo quanto ao futuro do Mercosul após a saída de Cavallo. Não existem dúvidas que não haverá alterações por parte da Argentina. Sucessor A escolha de Roque Fernández, ex-presidente do Banco Central, para suceder Cavallo é analisada pelo governo brasileiro como escolha técnica de Menem, visando também afastar especulações de alterações na área cambial. Fernández também teria a função de promover mudanças na política interna que não teriam o aval de Cavallo, como aumento nos gastos, menos impostos para a classe média e, sobretudo, fim dos atritos da equipe econômica com o Partido Justicialista. Texto Anterior: Malan admite que há risco de contágio Próximo Texto: Camisa de força terá teste Índice |
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