São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Fiesp prevê efeito externo

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor titular do Departamento de Pesquisas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, diz ser necessário verificar quais serão as repercussões internacionais da queda do ex-ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo.
"Cavallo era figura muito importante para o plano de estabilização econômica argentino e para o Mercosul. É preciso ver se a sua queda não cria constrangimento nos demais países que fazem parte desse bloco econômico", afirmou.
Para o presidente do Simpi (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias), Joseph Couri, a repercussão da queda de Cavallo é "mundial".
"Cavallo sempre defendeu a abertura da economia e integração no Mercosul. Sua queda é muito ruim", afirmou Couri.
Fernão Bracher, ex-presidente do Banco Central e presidente do BBA Creditanstalt, lamentou a saída: "É uma pena, mas o sucessor é conservador e não deve mudar a política atual"." O Plano Real não corre perigo", acrescentou.
Para outro ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, a saída sinaliza para mudanças. "Mas é impossível fazer futurologia neste momento. Sou economista, não sou a mãe Dinah", disse.
Mario Bernardini, vice-presidente do Ciesp, vê na saída do ministro um alerta: "Mostra que a política de 'bom-mocismo' perante os organismos internacionais não tem dado frutos para os argentinos. Isso também pode acontecer no Brasil."
O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Paulo Nogueira Batista Jr. não considera surpreendente a queda do ministro argentino.
"Mas é um fato grave. Ele personifica a política econômica argentina. Não acredito em mudanças no curto prazo. Mas pode ocorrer uma crise de confiança, que leve à perda de reservas", avaliou.
O ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas engrossa o coro dos descontentes: "É uma perda para a Argentina. Todo o programa corre o risco de vir abaixo."

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