São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Plano Real preocupa americanos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O professor Sebastian Edwards, que até três meses atrás era o economista-chefe para América Latina do Banco Mundial, publicou ontem artigo no "The Wall Street Journal" com críticas à condução da economia brasileira.
Edwards diz que o quadro no Brasil é "perturbador" e que a "atual política macroeconômica de misturar uma política fiscal frouxa com uma política monetária restrita é suicida".
Para ele, "o governo mostra marcante inabilidade para realizar reformas estruturais sérias".
O artigo, publicado no alto da página equivalente à "Tendências/Debates" da Folha, é intitulado "Por que o Brasil não é o México - ainda". O "Journal" é o diário de maior circulação nos EUA e o de maior influência junto à comunidade financeira do país.
Segundo a Folha apurou, a opinião expressada por Edwards é dominante no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional: a questão-chave para o Brasil agora é se os ajustes estruturais necessários serão feitos em tempo.
Medidas preocupantes
Edwards diz que os dados mais recentes "não são muito encorajadores". Entre eles, cita o aumento do déficit fiscal operacional do governo federal e dos governos estaduais e municipais em maio deste ano em relação a igual período de 1995, e a ausência de progresso nos níveis de exportação.
"Igualmente preocupantes", na sua opinião, são recentes medidas governamentais como aumento de tarifas em produtos importados, criação de novos subsídios para exportações e a reutilização "do mais indesejável" imposto sobre cheque para criar receita.
Câmbio
Edwards, professor de economia internacional na Universidade da Califórnia, acha que desvalorizar o real "seria um grave erro".
A primeira medida que deveria ser tomada para garantir a qualidade do futuro econômico do Brasil, para ele, seria "implementar uma grande e duradoura correção fiscal e, ao mesmo tempo, acelerar de forma significativa os processos de privatização e de reformas estruturais".
Só depois que isso for feito, acha Edwards, será possível relaxar a política monetária e tornar mais flexível a política de câmbio.
quando isso ocorrer, a prioridade do goveno deveria ser, na opinião dele, reformar a legislação trabalhista e melhorar os serviços sociais, em particular educação e saúde, segundo o artigo publicado.

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