São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Queda de Cavallo derruba a Bovespa

JOSÉ CARLOS VIDEIRA
DA REDAÇÃO

A queda do ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, ditou ontem a direção do mercado brasileiro de ações.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que vinha operando em alta até 14h45, deu marcha a ré tão logo a notícia da saída de Cavallo se confirmou.
O índice Bovespa fechou em queda de 2,09%, atingindo 59.684 pontos, o que não ocorria desde 20 de junho passado.
O volume financeiro total das operações na Bolsa paulista ficou em R$ 461,8 milhões.
A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro também caiu ontem. O Isenn fechou em queda de 0,60%, com 22.247 pontos.
A saída do ministro argentino, segundo analistas, pode afugentar os capitais estrangeiros da Bolsa portenha. O mercado especulativo vai testar a fragilidade do mercado do país vizinho. E já começou: em Buenos Aires, o índice Merval despencou 4,09%, sinalizando o desconforto dos investidores com a queda do homem que entronizou a paridade cambial.
O aumento do risco argentino deve refletir-se, num primeiro momento, nas Bolsas brasileiras, disse um operador. Pode intensificar ainda mais a saída de capital estrangeiro dos mercados emergentes.
Mas, para os investidores que ainda aceitarem bancar o risco latino-americano, o caminho natural deve ser o mercado brasileiro de ações, completou.
Alguns analistas comentaram que a saída de Cavallo não deve prejudicar a economia argentina.
Ao contrário, pode até melhorá-la, na medida em que deve amenizar as relações políticas do governo do presidente Carlos Menem, bastante conturbadas ao longo da gestão de Cavallo.
O mercado brasileiro de câmbio registrou uma pequena turbulência devido ao noticiário argentino.
Mas operadores disseram que os negócios já estavam bem agitados desde o início da manhã, com a expectativa, frustrada, de nova mudança da minibanda.
O mercado futuro esteve bastante volátil e movimentou, na BM&F, o volume recorde de R$ 8,8 bilhões.
O Banco Central (BC) dispõe de instrumentos para controlar as turbulências no mercado. Para analistas, o BC vai acompanhar de perto os fluxos de saídas de divisas.

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