São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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O Zé Elias virou o líder do time

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, sobre o fato de duas duplas femininas brasileiras enfrentarem-se hoje, na decisão do vôlei de praia, corre uma piada aqui na Folha.
A piada brinca com os críticos -principalmente o tucanato no poder- do jornal quando eles afirmam, injustamente, que a Folha é um jornal ranzinza, que só vê o lado negativo dos fatos.
Segundo a pilhéria, todos os jornais publicarão na sua edição de amanhã: "Brasil ganha medalha de ouro no vôlei de praia".
E a Folha: "Brasil ganha medalha de prata no vôlei de praia".
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O vôlei de praia é um dos casos mais bem-sucedidos de crescimento rápido de um esporte, no Brasil.
Lembro-me do esforço da Jacqueline, da primeira grande geração do vôlei de quadra brasileiro, na tentativa, junto com outras, de divulgar e sedimentar o esporte nas nossas belas areias escaldantes.
As medalhas que serão confirmadas hoje, estão, portanto, enriquecidas de mérito e valor.
Mas, casíssimo muitíssimo entre nosíssimo, o estardalhaço da mídia é um pouco exagerado.
Quem teve oportunidade de dar uma olhada no ranking das duplas femininas sabe que medalhas, na modalidade, eram favas contadas.
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Gana, amanhã, é, na teoria (aquilo que a bola desmente, lembre-se), um time menos consistente do que a Nigéria.
Aliás, a Nigéria não foi tudo aquilo que a gente esperava.
Apesar de alguns momentos de ótima articulação, principalmente pelo lado direito (primeiro tempo), ainda falta inventividade ao meio-campo fornecedor de jogo.
O problema é o Rivaldo. Seu problema, está na cara, é a cabeça. Não é posicionamento, não é falta de confiança, nem mesmo excesso de toque na bola (defeito que, aliás, ele sempre apresentou).
É a cabeça baixa. A falta de confiança. Rivaldo é o tipo do jogador que fica abatido com as críticas e com as más performances.
Lembra o Raí na Copa de 94.
Excelente no clube (Raí, no São Paulo, chegou a ser saudado como o melhor jogador brasileiro), encontra dificuldades na seleção.
Quem pode resolver o problema? O velho Lobo do fut Zagallo. Sua matreirice será decisiva para erguer a cabeça do Rivaldo.
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Zé Elias não está só jogando bem. É também o grande líder do time.
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É impressionante como o investimento em esporte tem consistência e durabilidade.
Veja o caso da Rússia. É hoje um dos países mais complicados do mundo dos pontos de vista político e econômico.
Há incertezas generalizadas sobre o seu futuro. Aquele que prometia ser, antes do final da União Soviética, o novo Eldorado dos investimentos capitalistas, virou um lugar problemático e incerto.
Pois bem, os russos, apesar da grande decadência econômica, continuam uma potência no esporte. Toda a infra-estrutura esportiva criada nos anos duros do regime, continua a dar frutos de ouro, prata e bronze.
O mesmo ocorre com Cuba. Apesar do embargo econômico e das grandes dificuldades econômicas, a ilha continua sendo uma grande força no esporte.
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Para tentar reduzir as injustiças (já que é impossível fazer justiça total nesses casos) possivelmente cometidas no meu comentário sobre os narradores de TV, na cobertura das Olimpíadas, na quinta, é necessário registrar aqui, também, o trabalho de locução de Paulo Soares, também na Espn/Brasil.

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