São Paulo, sábado, 27 de julho de 1996
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Zagallinho

JUCA KFOURI

Zagallo é uma pessoa menor. Eis o ponto. Mais grave que não saber perder é não saber ganhar. Como ganha mais que perde, fica pior.
Dizer, por exemplo, que o Brasil teve uma vitória "maiúscula" contra a Nigéria é o fim da picada. Porque a Nigéria jogou melhor no segundo tempo e fez a torcida brasileira sofrer muito mais do que sofreu na Copa de 1994. Dida, enfim, teve de fazer as defesas que Taffarel não precisou.
Dizer que o time nigeriano é mais experiente porque tem jogadores atuando na Europa é simplesmente mentira, pois, afinal, o Brasil tem Aldair, Roberto Carlos, Juninho, Ronaldinho e Bebeto, todos com experiência européia.
O que a seleção brasileira não tem é preparo físico, é informação sobre seus adversários e jogadas ensaiadas. O escanteio, por exemplo, virou sinônimo de inutilidade.
Zagallo é menor e teimoso. Teimou com a manutenção de Ronaldinho na reserva como havia teimado, em 1970, em não querer escalar Tostão com Pelé, embora João Saldanha tivesse provado que dava certo nas eliminatórias. E só um jogador talentoso e forte como Ronaldinho faria o gol salvador que fez, sem cair no chão.
Teima em não recuar Bebeto para dar um pouco de criatividade ao meio-campo e maior poder de fogo ao ataque, com Sávio e Ronaldinho. Deixa Bebeto quase como um peso morto, reclamando da vida e fazendo cara de choro.
Teima em só usar 13 jogadores, para alimentar uma superstição sem graça de tão repetitiva. E demora, demora demais, para fazer as substituições mais óbvias do planeta bola.
Zagallo me enganou. Achei que o tetra tivesse feito dele uma pessoa melhor. Não fez. E se ganhar o ouro, que é até possível, ficará ainda pior. Azar dele.
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Zé Elias sempre foi o Zé da Fiel. Mas pode chamá-lo de Dunguinha.
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A seleção fica em Miami, no mesmo hotel que hospedava Al Capone. Pensando bem, nada mais apropriado para certos senhores.
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Cá entre nós, o tal do vôlei de praia é um porre. Deve ser ótimo para quem joga, mas é duro de ver, mais ou menos assim como o futebol de salão.
Ou o judô. A gente até torce, sem entender direito para quê. Menos mal que para o iatismo não dá nem para torcer, a não ser à distância.
Quanta heresia em tão poucas linhas!
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A revista norte-americana "Sports Illustrated" previa medalha de bronze para o Xuxa. Nos 100 m livre. Ele a ganhou nos 50. De leve.

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