São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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PFL terá candidato se reeleição não passar, afirma Bornhausen

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL quer reeditar a chapa Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel como candidatos a presidente e vice-presidente da República nas eleições de 1998.
Isso deve ser garantido até março do ano que vem, com a possível aprovação da emenda da reeleição. Sem a emenda, adeus aliança.
"Se houver surpresa e a reeleição não passar, nós teremos que, necessariamente, partir para uma solução de candidato próprio", diz Jorge Bornhausen, um dos principais caciques pefelistas.
Aos 58 anos, Bornhausen está de licença da presidência do PFL desde o dia 25. Ele assume nesta semana o cargo de embaixador do Brasil em Portugal.
Em entrevista à Folha, Bornhausen afirma que a fase de reformas constitucionais tem de terminar até março do ano que vem, junto com a votação da emenda que garantirá a reeleição para o cargo de presidente da República.
Bornhausen chama isso de "jugo dos três quintos", numa alusão ao percentual mínimo de votos que o governo precisa ter na Câmara (308) e no Senado (27) para modificar a Constituição.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
(FR)
*
Folha - Como o partido se posiciona sobre a reeleição?
Jorge Bornhausen - O nosso caminho será procurar ajudar a aprovação da reeleição. Repetindo a chapa Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel.
Uma chapa que deu certo, os componentes se entendem maravilhosamente bem.
Folha - Caso a reeleição seja aprovada, o que pode impedir a reedição dessa chapa?
Bornhausen - Só não havendo a reeleição não haverá essa chapa. Eu não tenho dúvida quanto a isso.
Folha - Há possibilidade de troca do vice-presidente?
Bornhausen - Não há a menor possibilidade. O PFL nisso é um partido absolutamente coerente. Suas lideranças jamais permitiriam que houvesse modificação.
Folha - O que poderia funcionar como obstáculo à reeleição de Fernando Henrique Cardoso?
Bornhausen - A posição natural dos partidos de oposição. Eu tenho sentimento de que PSDB, PTB, e PFL, esmagadoramente, ficarão a favor da reeleição.
O PMDB, depois das eleições municipais de outubro, seguirá também em grande maioria para a reeleição.
A incógnita está no PPB, por conta da pretensão, legítima, do doutor Paulo Maluf (que completa esse ano seu mandato à frente da Prefeitura de São Paulo) em ser candidato a presidente da República.
Eu acho que nós só teremos uma visão bem clara do processo a partir do resultado das eleições municipais. O resultado da eleição em São Paulo sobre a votação da reeleição poderá torná-la mais fácil ou mais difícil.
Folha - E se a emenda da reeleição para presidente não for aprovada pelo Congresso?
Bornhausen - Nós teremos que, necessariamente, partir para uma solução de candidato próprio.
Folha - Necessariamente?
Bornhausen - Necessariamente. É uma questão de afirmação partidária. Nós não estamos nos preparando para essa hipótese. Mas, se houver um acidente, partiremos para uma solução interna.
Folha - Quais são os nomes do PFL para essa eventual pela Presidência da República?
Bornhausen - Os dois nomes que se destacam no partido são o do vice-presidente Marco Maciel e o do presidente da Câmara, deputado Luís Eduardo (Magalhães, filho do senador Antonio Carlos Magalhães).
Folha - Haverá alguma reforma no ministério depois das eleições municipais?
Bornhausen - O presidente da República tem governado sob uma situação muito difícil, que é o governo dos três quintos. No momento que você terminar o jugo (submissão) dos três quintos, certamente o presidente Fernando Henrique Cardoso fará modificações no seu ministério.
Folha - Quando o sr. acredita que vai terminar esse "jugo dos três quintos"?
Bornhausen - Eu acho que acaba no primeiro trimestre do ano que vem. O que não for votado até lá, em termos de matérias polêmicas, não será mais votado.
Folha - O sr. inclui a reeleição nessa previsão?
Bornhausen - Eu acho que a reeleição está no jugo dos três quintos.
Folha - Ou seja, até o primeiro trimestre do ano que vem?
Bornhausen - Eu acho que o "timing" é esse. Pode variar mais 30 dias ou menos 30 dias.

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