São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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Adolescente ocidental é mais namorador

DA REPORTAGEM LOCAL

Os teens brasileiros gostam de namorar. E gostam de namorar mais do que a maioria dos adolescentes de outros países.
A pesquisa da DMB&B mostra que 47% dos brasileiros disseram gostar de namorar, enquanto a média mundial ficou em 36% e foi muito baixa nos países asiáticos, como 13% na China e 12% no Vietnã, por exemplo.
A diferença entre essas porcentagens é tão grande que os pesquisadores chegaram a se perguntar se namorar não deveria ser considerada muito mais como um hábito ocidental do que global.
Os teens brasileiros também se mostram mais preocupados com temas ligados a sexo. A AIDS é uma grande fonte de preocupação, mais do que em outros países. E para as adolescentes brasileiras a possibilidade de uma gravidez não desejada é um dos maiores medos.
Sem neurose
Yudith Rosembaum, orientadora do colégio Oswald de Andrade, acredita que, na verdade, eles estão mais conscientes da sua própria sexualidade e não são neuróticos a respeito de sexo como eram os adolescentes até recentemente.
"Os teens são mais fiéis aos seus desejos do que a minha geração era. E as meninas falam sim ou não com maior naturalidade", afirma.
As próprias escolas estão tendo que se adaptar ao amadurecimento precoce dos adolescentes. Na Oswald de Andrade, por exemplo, professores e orientadores passaram a tratar de forma mais consistente da questão da sexualidade com pré-adolescentes. Até há alguns anos, o projeto tinha como alvo os teens de 13 a 15 anos.
Casamento
Conversas mais francas com os pais e estudos nas escolas sobre sexo não evitaram, porém, que os jovens deixassem de temer a AIDS. A pesquisa mostra que a doença continua sendo temida por quem tem entre 15 e 18 anos. A média global de entrevistados que colocaram AIDS como uma das maiores preocupações foi de 43%. A questão está no topo das ansiedades para um número bem maior de latino-americanos (70%).
Talvez como reflexo desse temor, os adolescentes agora querem casar. Eles indicam claramente que querem ter uma vida sentimental bem resolvida e que um dos principais objetivos é encontrar alguém para amar.
A psicóloga Maria de Lourdes Zemel, especializada em adolescentes, afirma que esses desejos dos teens poderiam ser explicados como uma reação ao fato de um número crescente de teens estarem convivendo com pais que vivem separados.
"Eles acabam desejando ter uma relação afetiva mais duradoura", diz ela. E buscam esse contato mais afetivo também com os pais.

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