São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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Poupança no mês tem saque menor

Captação ainda é negativa

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As cadernetas de poupança continuam registrando maior volume de saques do que de depósitos, mas a perda está sendo bem menor em julho -mês do primeiro corte gradual no redutor da TR- do que em junho.
Dados do Banco Central indicam que, até 22 de julho, a captação líquida foi negativa em R$ 304,82 milhões no SBPE (bancos que operam carteiras imobiliárias), ao passo que em junho, para o mesmo número de dias úteis, a perda atingia R$ 905,86 milhões.
A caderneta rural (basicamente a do Banco do Brasil) perdeu neste mês, no mesmo período, R$ 137,68 milhões, contra R$ 274,69 milhões em junho, informa o BC.
No dia 22 de julho, o saldo total das cadernetas era de R$ 64,2 bilhões, com R$ 52,18 bilhões no âmbito do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
Em junho, considerado o mesmo período de dias úteis, o saldo era menor, de R$ 63,69 bilhões, obtendo crescimento de 0,82%.
A evolução é pequena, mas deve-se notar que no primeiro semestre, com forte movimento de saques, o saldo total da poupança ficou praticamente estável em termos nominais de janeiro a junho.
Desemprego e consumo explicam parte dos saques da poupança no primeiro semestre, mas o fator decisivo, segundo analistas do mercado, foi a perda de competitividade dessa aplicação frente a outras, no que toca à rentabilidade.
Tanto que os saques se concentraram nos chamados bancos de atacado, que têm clientela menor, porém com maior poder aquisitivo e mais bem informada sobre alternativas de investimento.
Sem contar o fundo de curto prazo, que não chega a ser investimento, a poupança vem perdendo, em rentabilidade, dos FIFs de 30 e de 60 dias, apesar da tributação de 15% no resgate de cotas. A caderneta é isenta. No caso dos CDBs, os juros oferecidos pelos bancos dependem da quantia aplicada, ao contrário dos fundos.
A partir de julho, com o primeiro corte no redutor utilizado no cálculo da TR, a poupança começa lentamente a ganhar fôlego diante de seus concorrentes.
O redutor sobre a TBF (Taxa Financeira Básica, ou média dos CDBs), que era de 1,3%, caiu em julho para 1,25% e passará a 1,20% a partir de 1º de agosto e 1,15% em setembro. Ou seja, 0,05 ponto percentual a menos em cada mês.
Para os fundos se manterem competitivos, serão obrigados a baixar as taxas de administração, que, num cenário de queda de juros nominais, têm efeito semelhante ao do redutor fixo da TR.
Ou seja, quando não se alteram, vão achatando a rentabilidade do investidor de renda fixa (em relação ao CDI, o juro interbancário).

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