São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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Serra: só dúvidas

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ninguém no governo federal aposta com segurança que José Serra será o vencedor da eleição para prefeito de São Paulo.
Também não há convicção sobre quem seria o vencedor da eleição paulistana. A única certeza de todos os caciques tucanos é que a disputa está completamente indefinida.
Esse quadro contrasta com o de um mês atrás. Serra era dado como uma espécie de supercandidato. Tudo poderia. No mínimo, estaria no segundo turno. Hoje, quando o assunto é José Serra, só existem dúvidas.
O desempenho sofrível nas pesquisas de opinião já produziu as explicações de sempre. São os clichês do candidato em baixa: "Falta colocar a campanha na rua", "o que vale é a pesquisa de 3 de outubro" ou "a disputa só começa com a propaganda de TV".
Tudo isso é dissimulação. Entre os tucanos já começam a aparecer algumas explicações para o caso de uma eventual derrota. São elas:
1) O candidato - o Serra-economista não conseguiu vencer a barreira que o separa do Serra-candidato. Sem desenvoltura para fazer populismo barato, ao gosto do eleitor menos informado, Serra perde para os adversários mais desinibidos;
2) TV - a propaganda eleitoral só ajuda a melhorar os índices de candidatos que sejam relativamente desconhecidos do público e que tenham alguma coisa para dizer muito nova. Não é o caso de Serra. Não é um anônimo nem dirá algo muito diferente do que FHC disse na campanha presidencial, em 94;
3) Isolamento - em baixa nas pesquisas, fica difícil atrair apoios. Pior do que isso, Serra desdenhou o PFL ao se lançar candidato. O resultado é que a campanha tucana ficou com pouquíssimos candidatos a vereador conhecidos como "puxadores de voto". Esse tipo de quadro numa eleição como a da cidade de São Paulo é vital para se obter sucesso.
Tudo isso pode mudar. O prazo que os tucanos têm imaginado é final de agosto. Mas são poucos os que falam disso com muito entusiasmo.

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