São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Prejuízo do BB atinge R$ 7,8 bilhões

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do BB (Banco do Brasil), Paulo César Ximenes, divulga hoje um prejuízo de R$ 7,8 bilhões no balanço do primeiro semestre da instituição.
O resultado negativo ficou acima da expectativa inicial da diretoria do BB, que em março calculava um prejuízo na casa dos R$ 6 bilhões.
O prejuízo recorde se deve, principalmente, ao lançamento de cerca de R$ 9 bilhões como créditos inadimplentes.
Também entram no vermelho cerca de R$ 2,8 bilhões, referentes a perdas cambiais. O BB possui créditos no exterior que, devido à sobrevalorização do real, não acompanham a remuneração dos créditos dentro do país.
"Limpeza"
O Banco Central permitiu que esse prejuízo cambial fosse lançado no balanço em duas parcelas -uma no primeiro semestre e outra no segundo-, mas a diretoria do BB preferiu considerá-lo imediatamente.
O objetivo é promover uma "limpeza" no balanço do banco, para que a instituição volte a apresentar lucro no segundo semestre. Desde o primeiro semestre de 1994 o BB não lucra.
O prejuízo no primeiro semestre já era previsto desde o início do ano, quando o BB fez uma chamada de capital de R$ 8 bilhões.
No ano passado, o BB havia registrado prejuízo de R$ 4,2 bilhões, que reduziu seu patrimônio a R$ 3,4 bilhões.
Sem os R$ 8 bilhões, o patrimônio do banco ficaria negativo, o que contraria o Acordo da Basiléia (cidade suíça). Esse acordo estabelece relação entre capital e empréstimos do banco, com o objetivo de assegurar sua solidez.
Ajuda
Além da injeção de capital, o Tesouro Nacional deu outra ajuda ao BB: uma medida provisória reconheceu cerca de R$ 2,2 bilhões em dívidas do governo federal junto ao banco.
São prejuízos assumidos pelo BB em negócios de interesse da União, como a compra das polonetas (títulos do governo polonês).
A securitização das dívidas agrícolas transferiu ao banco outros R$ 5,3 bilhões em títulos.
Para reduzir custos, o BB passa por um programa de reestruturação. Foram demitidos 30 mil funcionários e fechadas 478 agências.
A folha de pagamento continua no mesmo patamar de agosto do ano passado -cerca de R$ 450 milhões-, apesar de o TST (Tribunal Superior do Trabalho) ter concedido 25% na data-base dos funcionários, em setembro.
O lançamento de novos produtos e a reestruturação tarifária fez as receitas subirem, passando a cobrir 20% dos custos operacionais.
Mesmo assim, a relação está distante dos bancos privados, cujas receitas chegam a cobrir 50% das despesas.

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