São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Gangue troca brigas por arte

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Responsa, responsa", gritam alguns adolescentes da "Turma do Poder" para cobrar mais responsabilidade dos que se atrasam para a entrevista com Folha.
A cobrança soa estranha em um grupo que, há dois anos, liderou uma violenta revolta na Escola Municipal João Amos Comenius, no Jardim Vista Alegre, bairro pobre da zona norte de São Paulo.
"O esquema é deixar o passado para trás", responde "Jhow", 17, sobre as atividades da gangue antes do encontro com a equipe de Stela Graciani, 50, coordenadora do Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
"Antigamente, os professores não falavam nossa língua", conta "Zinho", 19, um dos integrantes da "Turma" -formada por 15 jovens entre 14 e 20 anos.
Stela chegou à escola em plena crise. A direção havia perdido o controle e alguns professores temiam pela vida. "Busquei uma aproximação com as lideranças."
Cada frase dos integrantes da "Turma do Poder" demonstra o sucesso do trabalho -que envolve reuniões com os adolescentes, professores e com a comunidade.
"A Stela soube conversar." Com isso, a violência e a depredação na escola são hoje desprezíveis.
A "Turma" montou um grupo de rap, os "Iniciais", e sonha com o sucesso artístico. Há também membros grafiteiros -e não pichadores, como eram chamados.
"Hoje sabemos o valor que a gente tem", diz "Pereira", 17.
(FR)

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