São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Fernández tenta tranquilizar mercados

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A economia argentina se encontra em excelente estado de saúde". O diagnóstico, até certo ponto surpreendente, é do novo ministro da Economia, Roque Fernández.
É evidente que não se espera de um ministro que seja pessimista.
Mais ainda quando o governo que integra acaba de promover uma troca de ministros que inquieta os mercados e a sociedade.
Por isso, a frase de Fernández deve ser lida como parte do esforço de relações públicas para evitar turbulências maiores.
Ainda mais que foi dita aos jornalistas estrangeiros convocados para uma conferência de imprensa na sede do Banco Central, na tarde de ontem. Entre eles, os que informam e/ou fazem a cabeça do mundo financeiro globalizado ("Financial Times", "Wall Street Journal", "Dow Jones", "The Economist", sem contar a CNN).
Sustentações
Mas, Fernández tinha elementos para sustentar parte de sua afirmação. Citou os seguintes:
1 - O excelente nível de reservas internacionais.
2 - "Uma inflação completamente domada". De fato, nos 12 meses até junho, os preços caíram (0,1%), em vez de subir.
3 - "Um sistema financeiro muito robusto e que resistiu a uma queda de depósitos muito forte", na esteira da crise mexicana de dezembro de 1994. De fato, os depósitos eram, até 12 de julho, de US$ 50,807 bilhões ou US$ 6,5 bilhões acima do que havia quando estourou a crise mexicana.
No processo, caíram 54 instituições financeiras, mas o que sobrou ficou mais sólido.
O que Fernández não mencionou é que a saúde da economia argentina é débil pelo lado da produção e do emprego.
Tampouco especificou suas intenções. Diz ter um "plano geral bastante elaborado", mas reservou-se o direito de só detalhá-lo depois da posse, hoje, e de discuti-lo com seus colegas de gabinete.
Limitou-se a pôr ênfase no óbvio para um país com um déficit fiscal elevado: melhorar a administração tributária, conter a evasão e controlar os gastos públicos.
Fernández descarta, como é óbvio, uma corrida contra o peso. Compara: "Após o México, houve uma crise internacional de confiança, que pudemos administrar mesmo tendo, no período, ocorrido uma eleição presidencial com a incerteza que ela naturalmente gera. Agora, não há nada disso".

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