São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996 |
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Teste real deverá ser no final deste ano
CLÓVIS ROSSI
É improvável que haja, hoje, na reabertura dos mercados, uma corrida forte contra o peso. Seria um tiro no próprio pé. As empresas argentinas têm um endividamento em moeda estrangeira avaliado em US$ 23 bilhões, equivalente ao total de depósitos em dólares nos bancos. Já as pessoas físicas devem, em moeda norte-americana, cerca de US$ 15,2 bilhões. Se o dólar subir, a dívida sobe na mesma proporção, gerando inexoravelmente uma crise de insolvência gigantesca. É claro que os investidores estrangeiros não têm piedade dos que perdem com seus movimentos especulativos. Mas, para estes, a resposta do governo é uma pilha de reservas internacionais (cerca de US$ 17 bilhões), suficiente para enfrentar uma corrida que não seja tão forte como o foi a do México, em 94/95. Mas, se o novo ministro resistir, como é previsível, a um eventual primeiro assédio, não terá nem remotamente vencido a luta. O desafio seguinte se assemelha à quadratura do círculo, como se deduz do editorial de ontem do "Clarín", o principal jornal argentino:"Na nova etapa, devem combinar-se os elementos de continuidade e de mudança para que a consolidação da estabilidade possa conviver com uma recuperação das atividades produtivas e das fontes de trabalho, o que, por sua vez, é um requisito para equilibrar as contas fiscais". Facílimo de receitar, muito difícil de executar. Amarrado pela rígida paridade dólar/peso (desde abril de 91), o governo só pode gastar, para estimular a economia, se entrarem recursos externos. Hipótese que não está à vista. Sem crescimento econômico, por sua vez, fica difícil reduzir o desemprego e fechar o buraco nas contas públicas, ainda mais em um país em que o principal imposto é sobre valor agregado. É um imposto predominantemente sobre o consumo. Com a economia patinando, há pouco consumo e, por extensão, arrecadação do IVA insuficiente. É por isso que o cientista político Rosendo Fraga dá prazo até o final do ano para que Roque Fernández produza algum "sinal positivo" tanto sobre o nível de atividade como sobre o desemprego. Se não o conseguir, aí sim será a hora das emoções fortes. Texto Anterior: 'Acabou a era dos heróis', afirma Malan Próximo Texto: FMI confirma apoio ao país Índice |
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