São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Olimpílulas-4

JUCA KFOURI

No tempo que você gastar para ler esta primeira olimpílula, o atleta jamaicano do Canadá, Donovan Bailey, faz 100 m, ganha o ouro e ainda bate o recorde mundial. Fabuloso!
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Num tempo ainda menor, uma bomba explode em Atlanta, prova de que não há esquema de segurança capaz de evitar atos terroristas e nem limites para a idiotice e covardia humanas.
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Em tempo de emocionante recuperação, o vôlei masculino caminha em busca de um milagre. Mesmo que não consiga uma medalha, a vitória diante da seleção norte-americana teve um sabor especial.
Uma bela revanche 12 anos depois de que, na Olimpíada de Los Angeles, os Estados Unidos ganharam do Brasil por 3 a 0 e levaram o ouro.
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E se os tempos são de revanche, não custa registrar que demorou 30 anos, mas, finalmente, a Itália devolveu a derrota que a Coréia lhe impôs na Copa do Mundo de futebol, na Inglaterra.
O ruim, do ponto de vista italiano, é que sua vitória agora foi quase tão surpreendente como a histórica derrota de 1966 e que se vingou da Coréia errada, porque havia perdido para a do Norte e ganhou da do Sul.
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Novos tempos para o esporte brasileiro. Demorou cem anos para uma mulher subir ao pódio. Ao chegar lá, porém, já subiram quatro de uma vez só. E, se nada muito diferente acontecer, as meninas do vôlei (arrasadoras), do basquete (encantadoras) e do futebol (surpreendentes) também enfeitarão o cenário que era um verdadeiro Clube do Bolinha. Clubinho bem fechado, diga-se de passagem, em gênero e número.
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Tempo de recorde para Oscar 1.000. Pode ser mais que um simples consolo para o basquete masculino, que, contra a Iugoslávia, caiu na real.
O basquete nacional continua a não frequentar mais o Primeiro Mundo do esporte, exceção feita ao "Mão Santa", como sempre.
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Velhos tempos.
Ressurge, via TV Bandeirantes, a idéia de incentivo fiscal para o esporte. O corporativismo de quem vive do esporte manda ser a favor. O bom-senso recomenda ser contra.
Esportes de alto rendimento são um grande negócio.
No dia em que, no Brasil, forem dirigidos profissional e transparentemente, os recursos aparecerão sem que haja necessidade de incentivos.
Chega a ser escandaloso falar em incentivar esporte profissional em um país que tem fome, não tem educação, teto, saúde e... vergonha na cara.

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