São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Jackie, a pioneira

CIDA SANTOS

A irreverente Jackie Silva, em dupla com Sandrinha, chegou ao ouro olímpico. Uma conquista pra lá de merecida para uma jogadora que mais uma vez mostra sua face pioneira: primeiro ouro de uma mulher brasileira, primeira medalha olímpica no debutante vôlei de praia.
No início dos anos 80, Jackie fez história nas quadras. Levantadora cheia de ginga, habilidade e precisão, fez sensação com a seleção que encantou o país e tornou o vôlei um esporte mais popular.
Longe do estilo "certinha", Jackie peitou cartolas. Em 85, numa época em que as atletas usavam o nome do patrocinador no uniforme e nada recebiam, ela contestou. Desempregada, reclamava um percentual do que era pago pelo anunciante. Não foi atendida. Vestiu a camisa do avesso. Foi cortada da seleção brasileira.
Passou um tempo vendendo camisetas para a então "Campanha Pró-Jackie", rifou sua Vespa 78, até que resolveu jogar vôlei de praia nos EUA. E fez sucesso: venceu 39 dos 50 torneios que disputou.
Em 95, a revista norte-americana "Volleyball" elegeu Jackie uma das 50 personalidades do esporte nos EUA. Ela é classificada como a primeira "superstar do vôlei de praia". Por essas e por outras foi legal a vitória de Jackie.
Na quadra, o vôlei feminino brasileiro já teve pelo menos um momento de perfeição: a vitória por 3 sets a 0 sobre Cuba. Foi o jogo mais sublime de uma seleção brasileira feminina de vôlei. Só essa partida já valeu pela Olimpíada.
No masculino, a turma começa a acertar o passo. Contra os EUA, o Brasil chegou a lembrar a genialidade de 92. Uma vitória por 3 sets a 0 simbolizada pela imagem de um Tande chorando de felicidade deitado na quadra. É, os campeões olímpicos parecem agora dispostos a lutar por um final mais feliz em Atlanta.

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