São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Evento valoriza personalidades de moda

ERIKA PALOMINO

ERIKA PALOMINO; EVA JOORY; JONI ANDERSON; JACKSON ARAUJO
COLUNISTA DA FOLHA

O MorumbiFashion Brasil terminou sexta depois de mobilizar a cena da moda brasileira nas salas armadas no parque do Ibirapuera em torno de 31 desfiles.
Pela primeira vez pudemos avaliar as confecções uma depois da outra; dia após dia. Assim, comparações são inevitáveis e algumas marcas até saíram prejudicadas por isto.
Por exemplo, fica mais difícil entrar no mundo comercial de uma megamarca como a Zoomp depois do trabalho minimalista de Reinaldo Lourenço.
Ponto negativo: o efeito Gucci/Prada/Missoni explícito presente em boa parte das marcas.
Confira a seguir um resumo de todas as coleções.
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HERCHCOVITCH - Continua imprevisível. Abandona o preto e faz um Carnaval de cores embaladas em indiscutível modernidade, com referências aos anos 80. Dispensáveis os looks de esgrima e um ou outro vestidão de tule. O estilista prova que dá para fazer jeans com originalidade. (EP)
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VILLAVENTURA - Explosão de cores e calor nas legítimas heroínas fashion, saídas de um universo pessoal de concepção redonda e coerente. É imbatível na criação e quando ultrapassa seus próprios limites. O vestido-folha e o look boudoir de renda tipo filé são antológicos. (EP)
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KAUFFMAN - Moda bem-feita, cheia de prazer fashion e sexo, embalada por referências aos anos 70. A roupa tem a cara de Jorge Kauffman, que tem o insight de transformar seu logo em estamparia em vez de remixar Delaunay. Os macacões são tiro certo e os paetês são pura luxúria. (EP)
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PATACHOU - Se não avança muito na originalidade, a marca traz informações internacionais desdobradas em looks urbanos e apropriados ao verão brasileiro. O melhor: vestido de listras em diagonal. (EP)
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EQUÍLIBRIO - Moda cool para jovem mulher urbana, de cunho comercial e acessível, apostando em trabalhos de estampas. Bons os vestidos secos e os vestidos-camisa. (EP)
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WALTER RODRIGUES - Investindo no segmento roupa de festa, Walter Rodrigues faz um desfile cartão-de-visita, acenando para o prêt-à-porter e para a roupa exclusiva. O tom é romântico, com bela cartela de cores lavadas. (EP)
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YES BRAZIL - Moda típica carioca, baseada em calças pijama e bodies e muita estamparia colorida. Foi errado ter encerrado o evento com a Yes. Carioca demais. (EP)
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ZOOMP - A Zoomp avança em acabamento e modelagem, vem correta como sempre, mas falta pulso de estilo à coleção. Tudo dá certo em termos de desfilão, com top models e bom look de cabelo e make. Mas e na loja? Boas estampas, sobretudo as florais. (EP)
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REINALDO LOURENÇO - O grande cruzamento entre o moderno, o comercial, o romântico. O estilista mixa tecidos e ganha pontos na qualidade de suas roupas. Faz alguns dos melhores vestidos da temporada. Hype certo: o vermelho e a bermuda. (EP)
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HUIS CLOS - Elegante, cool, urbana, simples. A mulher Huis Clos é segura e sua coleção perfeita e adequada. Os vestidos de noite em marrom e preto ocupam o lugar daqueles feitos anteriormente por Walter Rodrigues. (EP)
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G - A coleção da G é uma das melhores. Inspirada na antiguidade, traz corselets em forma de armaduras em malha de ráfia, peças luxuosas com estampas de rosas, looks com pele de crocodilo, finalizando com vestidos de noiva em seda e zibeline. (EVA JOORY)
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FORUM - A Forum vem latina. Com uma ótima trilhas sonoras -mistura de rumba, mambo e cha-cha-cha- investe na sensualidade, nas curvas, nos decotes e em cores vivas. Hype: as peças com estampas de rosas. (EJ)
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DER HATEN - Fause Haten comprova seu talento de estilista. Mostra precisão e acabamento perfeitos, nos looks femininos e nos masculinos. Sua coleção é chique, com toques de modernidade, embalada pelo heavy metal do Metallica e cabelos em pé. (EJ)
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ZAPPING - A Zapping investe num streetwear exuberante e colorido. Traz looks oversized e para as mulheres, peças mais justas e comprimentos mínis. A coleção deixa a desejar em relação a forma e caimento. Um sucesso a trilha com hits de TV do anos 60. (EJ)
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FIT - A Fit faz seu primeiro desfile em dez anos. Propõe moda praia com looks relaxados -bermudões e vestidões- e continua a investir nas estampas, desta vez inspiradas em artistas como Sonia Delaunay (tendência) e Klimt. (EJ)
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BLUE MAN - A Blue Man traz o despojamento de vestir do carioca. A moda de praia é o forte da marca, que nesta coleção investe também num streetwear jovem e criativo. Destaque para o look emborrachado e para as peças com estampas camufladas. (EJ)
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CIA. DE LINHO - A Cia. de Linho mostra renovação. Sua linha para o dia-a-dia é mais forte que sua linha noite -esta sem muita novidade. Boas a pesquisa das estampas geométricas e para o look tye-dye. Erro: as sandálias com salto torto. (EJ)
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RICARDO ALMEIDA - A coleção masculina de Ricardo Almeida é um sucesso. O estilista propõe looks coloridos e ternos com corte impecáveis. As camisas vêm em cores fortes. Tem para todos os gostos, sempre com a mesma qualidade. (EJ)
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RECICLAGEM - A marca mineira Reciclagem não trouxe inovação. Abusou de looks conhecidos, como o minimalismo gráfico da marca italiana Missoni, um dos hypes desta temporada, recriando também looks tipo Gucci. (EJ)
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COMÉDIA - A Comédia divide sua coleção para a mulher clássica e a que quer toques de modernidade. Tem looks fluidos, um pouco de sensualidade e aquelas estampas com síndrome de Prada. Coleção convencional. (EJ)
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ART-MAN - A Art-Man mostra uma coleção masculina exagerada: looks riviera francesa bem kitsch, com ternos de linho e cores como amarelo e verde-pistache. (EJ)
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LENNY - Com ginga carioca, a Lenny usa a influência dos anos 70 na sua moda praia. Diminui cavas, acerta nos tops (decotados e modeladores) e propõe mínis, vestidos-camisas coordenados a maiôs e biquínis. (JONI ANDERSON)
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MARIA BONITA - A idéia é boa. Maria Bonita aposta na silhueta longilínea dos vestidos, saias e chemisiers em seda colorida com pinceladas de tye-dye, mas se perde na repetição das roupas, em cores diferentes. O melhor: O look militar com listra em tye-dye. (JO)
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TWEED - Totalmente alto astral, o despretensioso desfile da Tweed junta casting de amigos colunáveis. O melhor: paletós em shantung e em tecidos leves e o look militar em cáqui, tipo sahariene. Na trilha sonora, a MPB embala uma platéia festiva. (JO)
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M.OFFICER - Brilhos, transparências e ousadia nas formas masculinas, e um ar déjà vu no feminino fazem o verão "reciclado" da M. Officer. No feminino, o forte são as peças justas com ares dos anos 70, mas faltou edição ao desfile. (JO)
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BENEDUCI - Tem as cópias mais bem feitas da temporada com Chanel, Miu Miu, Prada e Calvin Klein. Mas tudo bem, já que é roupa para acompanhar as bolsas. As de palha são maravilhosas e a frasqueirinha de verniz caramelo também. (JACKSON ARAUJO)
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ELLUS - A coleção tem várias opções de looks em jeans escuro, tendência entre os modernos, como microshorts, tops, calças e jaquetas. A marca é uma das poucas que investe nos tecidos sintéticos para o verão. Destaque: rendas, calças militares e t-shirts esportivas. (JA)
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IÓDICE - Tem o básico fashion -jeans escuros, t-shirts listradas, mocassim branco e óculos. Os anos 70 aparecem nas barras mais largas das calças, na estampa psicodélica, e no comprimento 7/8 dos casacos. Destaque para as camisas de jérsei estampado. (JA)
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VIVA VIDA - A cliente rica da marca tem muita coisa para comprar. De edredons a vestidos de noite longos e retos. O estilo é norte-americano. Os básicos trazem a tendência militar. A trilha sonora entediante culmina com "La Vie En Rose". (JA)
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RENATO LOUREIRO - A coleção tem várias modelagens. Os homens com calças largas de tecido rústico, ou calças justas e curtas demais -o famoso "pescando-siri". As mulheres vestem de shortinhos a feios vestidos de noite. Melhor ficar no básico. (JA)

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