São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Fotógrafa que retrata a Aids vem a SP

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A americana Nan Goldin, 42, com imagens de corpos e Aids, é talvez a maior influência contemporânea em fotografia. Em outubro ela expõe no Centro Cultural Alumni. Vem ao país porque ouviu que há "drag queens bonitas".
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Folha - A idéia de uma cura, ou da Aids como doença crônica, muda sua visão da Aids como tema?
Nan Goldin - Primeiro, o tratamento é novo, não foi provado a longo prazo. Segundo, meu trabalho com Aids não tem a ver com o fato de que as pessoas vão morrer. Todos vamos morrer. Tem a ver com o fato de que há pessoas vivendo com Aids e tudo o que está relacionado. Ver meus amigos sofrerem. Então, não importa se é fatal ou tratável. Quer dizer, espero que seja doença tratável. É a minha maior esperança no mundo.
Folha - Muito do trabalho ligado à Aids é atacado como político, militante. Como você responde?
Goldin - Meu trabalho é político. E as pessoas que conheço no Act Up, por exemplo, me dão muito apoio. Sentem que cuidam do político e eu do emocional. Faço registros das vidas das pessoas, com suas complexidades. Presto tributo às pessoas para manter os espíritos vivos conosco. Mostro o custo da doença, em vida. Me considero um ativista contra a Aids.
Folha - O que você acredita que vai permanecer deste tempo?
Goldin - Eu perdi muitos dos meus amigos. Nunca vai terminar para mim. Seja lá quando vier a cura, vai ser tarde demais.
(NS)

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