São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 1996
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Coisas boas

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Aumenta cada vez mais o fosso entre a verdade e a opinião que o governo faz de si próprio. A campanha eleitoral para prefeito nem esquentou e tanto o presidente da República como os ministros e respectivos porta-vozes garantem que o poder federal nada fará em benefício de seus candidatos preferenciais.
José Serra se tornou o mais preferencial de todos, entrou no páreo para firmar uma posição favorável a FHC daqui a dois anos. As juras de isenção do Planalto são diárias. No sábado, li em "O Globo" esclarecedora matéria vinda das sucursais de Brasília e São Paulo:
"O governo já começou a reação para salvar a candidatura do ex-ministro José Serra à Prefeitura de São Paulo. A estratégia vai desde a participação efetiva de ministros e até do presidente Fernando Henrique Cardoso em atos de campanha a medidas econômicas."
Entre os atos e as medidas, é citado o projeto do ministro do Planejamento, sucessor de Serra, que "reduz tributos, favorecendo o eleitorado exportador paulista".
É transcrita uma declaração do secretário-geral do PSDB: "Esses projetos são uma prova de que a melhor candidatura em São Paulo é a de Serra, porque mostram que as coisas boas para a indústria estão ligadas a ele e ao governo que ele integrou".
As "coisas boas" lembradas acima têm endereço sabido. O eleitorado exportador paulista não pesa decisivamente nas urnas. Tem contudo a capacidade de lubrificar a campanha dos tucanos com o óleo que acabou fritando Collor e PC Farias.
Se o governo teve mesmo a oportunidade de produzir coisas boas, estranha-se que tenha reservado tamanha bondade justo para servir como cabo eleitoral, beneficiando o candidato preferido pelo Planalto. E, suplementarmente, o eleitorado exportador paulista. Outras coisas boas virão para os paulistas, à medida que José Serra tenha novas dificuldades.

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