São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morte de viúva pode ser queima de arquivo

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Civil procura um policial militar negro, alto e lotado no 11º BPM (Batalhão de Polícia Militar), em Nova Friburgo (cidade serrana a 135 km do Rio). Ele é suspeito de matar Luciana Isabel Silveira Freire, 58.
Luciana Freire foi morta com seis tiros na noite de sexta-feira, em um sítio em Cachoeiras de Macacu (município a 115 km do Rio). Ela era viúva do vice-presidente da Bradesco Seguradora, Rogério Dantas Freire, assassinado em novembro de 1994.
O inspetor Jamil Warwar, da DDV (Divisão de Defesa da Vida) da Polícia Civil, disse que ambos os crimes foram praticados pelo PM. Ele investiga os dois casos.
Warwar acusou Luciana e o amante Walter de Souza Overney, 39, de terem contratado o PM para matar o executivo da seguradora.
Com a morte de Dantas Freire, sua mulher receberia quase R$ 500 mil do seguro de vida do marido, afirmou o inspetor.
Informante
Segundo o inspetor, o contato entre o casal e o PM teria sido feito pelo informante policial Marco Antônio Cordeiro, o Antônio PM, que está foragido.
Luciana e Overney foram indiciados pela 13ª DP (Delegacia de Polícia), em Copacabana (zona sul do Rio), sob acusação de envolvimento na morte do executivo.
Warwar disse que houve uma "queima de arquivo" na morte de Luciana. Para o inspetor, o PM resolveu matar Luciana e Overney por temer que o denunciassem nos interrogatórios judiciais marcados para este ano.
Na invasão do sítio, Overney foi baleado no rosto, mas não morreu. O sobrinho dele, Luiz Cláudio Alves, 34, foi morto com três tiros na cabeça.
A polícia reforçou ontem a segurança de Overney, internado no hospital Raul Sertã, em Nova Friburgo. Dois policiais militares vigiam o quarto do paciente.
O delegado da 159ª DP (Cachoeiras de Macacu), Anestor Magalhães, teme que Overney possa ser assassinado no hospital. Por questão de segurança, ele foi transferido da enfermaria para um quarto particular.
Overney voltou a ser ouvido ontem pelo delegado, que também interrogou Leila Alves, viúva de Luiz Cláudio Alves. Leila teria visto os quatro homens que invadiram o sítio.
Na quinta-feira, o Ministério Público e a Polícia Civil realizarão nova perícia no apartamento de Ipanema onde Freire foi morto.
Segundo o promotor do 1º Tribunal do Júri, Marcos André Chut, a nova perícia visa averiguar a veracidade do depoimento da empregada Idalina de Jesus, que disse ter visto um homem negro deixar o apartamento logo após ouvir o tiro que matou o executivo.

Texto Anterior: Usuário do Metrô pede alterações
Próximo Texto: Acusado de matar 8 em racha é preso
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.