São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
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Olimpílulas-5

JUCA KFOURI

Dançou o bronze previsto para o Brasil pela revista norte-americana "Sports Illustrated", com Nélson Ferreira Júnior no salto em distância.
E a prata anunciada no iatismo virou ouro na classe Star. Mas o ouro prognosticado para a classe Laser continua possibilíssimo.
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É estarrecedora a falta de padrão de jogo da seleção de Zagallo.
É surpreendente verificar que a defesa armada por um amante do jogo fechado jogue em linha.
É irritante a falta de criatividade do meio-campo da seleção.
É solitária, e deprimente, a situação dos atacantes brasileiros.
É só o talento de gente como Ronaldinho (que era reserva) que tem mantido a seleção na Olimpíada.
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Justiça seja feita: Zagallo abriu mão da superstição e pôs o 14º jogador em campo, o lateral André, diante de Gana.
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Acertou quem previu que o jogo ofensivo do time de Zagallo era só para nos enganar durante os jogos preparatórios.
Na hora da competição, Pré-Olímpico e Olimpíada, o velho esquema de 1974 voltou com a corda toda.
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Alguém sempre poderá argumentar, como Zagallo, que quem quer espetáculo deve ir ao circo. Mais ou menos como o picadeiro armado no Parque Antarctica durante o Campeonato Paulista deste ano. Que, salvo engano, terminou com o Palmeiras campeão com apenas uma derrota.
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Mal preparada fisicamente, a seleção deixou por aqui nosso melhor especialista na matéria que, só para constar, tem 14 letras no nome: Moraci Sant'Anna.
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Seja com for, tudo indica que, apesar das zagallices, o Brasil fará a finalíssima olímpica contra a Argentina, apesar das passarellices.
E Romário e Redondo que vejam a decisão pela TV.
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As tradicionais medalhas que o iatismo conquista para o Brasil consagram também nossa medalha de ouro em má distribuição de renda. Ou não é curioso que o Brasil se saia tão bem num esporte de elite?
Em compensação, no atletismo...
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Para os que se ufanam do nosso país, um lembrete: significa pouco a classificação brasileira, à frente de países como a Grã-Bretanha ou a Espanha no quadro de medalhas. O importante é comparar o número de britânicos ou espanhóis que têm acesso às práticas esportivas em seu dia-a-dia. E, aí, o Brasil leva de lavada.

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