São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996 |
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Sugar Blue mostra seu sopro furioso em SP
EDSON FRANCO
Ele toca seu instrumento com a fúria de um animal enjaulado. Sua gaita rosna, ruge, grita. A mágica é pegar essa animosidade, encaixotá-la nos parâmetros da harmonia e, com isso, extrair bela música. Esse estilo feroz tem sua razão. Falando por telefone à Folha, Sugar diz que cresceu no Harlem, bairro negro de Nova York. "Eu tinha que sobreviver e precisava ser agressivo. Mas isso não me fez esquecer a ternura." Deixando a relação entre vida e obra de lado, o gaitista diz que, em termos musicais, seu estilo foi calcado em gaitistas como Sonny Boy Williamson e Little Walter. Além deles, Sugar ouvia e tentava imitar B.B. King e Miles Davis. "Se você ouve apenas músicos que tocam o mesmo instrumento que você, suas idéias musicais serão limitadas. Eu tento soar como um saxofone ou uma guitarra." Assim como boa parte dos músicos de sua geração, Sugar descobriu o blues ouvindo discos da banda inglesa Rolling Stones. "No verso da capa de um disco deles, vi o nome do compositor Mackinley Morganfield. Descobri que esse cara era Muddy Waters, então decidi comprar tudo o que tivesse o nome dele na capa." Sugar mal podia imaginar que, anos mais tarde, gravaria três discos com os ingleses que o iniciaram no blues. Apesar disso, ele diz não lembrar de muita coisa sobre o tempo em que gravou com os Stones. Mas lembra de seu relacionamento com Mick Jagger, vocalista da banda e também gaitista. "Um dia, disse a ele: 'Cante e deixe que eu toco a gaita'." Os quadrantes do blues parecem ser estreitos demais para Sugar. Em seu último CD, "In Your Eyes", Sugar toca funk, rhythm and blues e rock. Apesar disso, ele se considera um músico de blues ao pé da letra. Os shows do Bourbon são a terceira vez em que o músico se apresenta no Brasil. "Já toquei no Bourbon e, antes, havia tocado com Buddy Guy na boate do Maksoud Plaza. Foi difícil fazer o público do hotel entender o blues." Show: Sugar Blue Quando: hoje, quarta e quinta, às 21h45; sexta e sábado, às 23h45 Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. (011) 5561-1643) Ingressos: R$ 15 a R$ 25 Texto Anterior: "Gordolinda" revela Brasil criativo Índice |
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