São Paulo, terça-feira, 30 de julho de 1996
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Cúpula antiterror quer vigiar Internet

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

As oito maiores potências do mundo -o Grupo dos Sete e a Rússia- se reúnem hoje em Paris para discutir ações de combate ao terrorismo.
Devem ser anunciadas 25 medidas -entre elas, provavelmente, algum controle de informações que passam pela rede Internet.
Outras medidas seriam o controle de organizações de caridade -que agiriam como fachada para grupos terroristas do Oriente Médio. Processos de extradição também seriam facilitados.
"É necessário controlar os meios de comunicação, que facilitam ações terroristas. Recentemente, na rede Internet se ensinava como preparar uma bomba", afirmou ontem Hervé de Charette, ministro das Relações Exteriores da França.
Ele disse que a Internet deve ser submetida à uma regulamentação nacional e internacional que impeça sua utilização por terroristas.
"É preciso impedir isso, como é preciso impedir a codificação privada nesse tipo de rede, que permite que os terroristas se comuniquem discretamente", disse.
A reunião do G-7 (EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá e Japão) e da Rússia ocorre em um momento em que a ação terrorista recrudesceu, notadamente com o IRA no Reino Unido e com o ETA na Espanha.
Mas o país mais preocupado com ações terroristas são os EUA. Além do atentado de sábado em Atlanta, uma bomba pode ser a explicação para a queda do avião da TWA.
No mês passado, 19 norte-americanos morreram em um atentado na Arábia Saudita, durante a reunião dos chefes de Estado do G-7.
Foi o atentado que motivou a reunião de hoje, pedida por Bill Clinton. Há duas semanas, especialistas em terrorismo dos países do G-7 e da Rússia se reuniram preliminarmente em Paris.
Na reunião de hoje, estarão os ministros de Relações Exteriores e do Interior, além de alguns chefes de serviços secretos.
Divisão
O encontro deverá ser marcado pela oposição dos países europeus a propostas norte-americanas.
Os EUA querem sanções contra Iraque, Líbia, Irã, Sudão, acusados pelos norte-americanos de fomentar o terrorismo.
Clinton já anunciou que vai assinar a lei Amato-Kennedy, que pune empresas estrangeiras que negociam com a Líbia e com o Irã.
"Essas leis norte-americanas não têm nada a ver com a luta contra o terrorismo. Sou totalmente contrário a que um Estado possa modificar as regras do comércio internacional em seu benefício e impor isso aos outros", criticou Hervé de Charette.
A Liga Árabe iniciou ontem um encontro de três dias para discutir o terrorismo, no Cairo. Vários países defenderam a distinção entre terrorismo e o que eles chamam de "luta pela auto-determinação".

LEIA MAIS sobre terrorismo às págs. 4-11 e 4-12

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