São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996 |
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Olimpíada é mais de carioca do que da mulher
BARBARA GANCIA
Tudo bem. Finalmente a mulherada tirou o pé da lama e trouxe medalha. Depois de anos participando dos Jogos, era o mínimo que se podia esperar. Ninguém ali fez mais do que a sua obrigação. Mas e os Jogos dos cariocas? É, dos cariocas, sim, você aí, que fica mordido quando dizem que paulistano toma um chopes e come dois "pastér". Não discuto que no vôlei de praia só podia dar carioca. Uma cidade que passa todo o horário comercial do ano na praia tem mais é de preencher a totalidade das vagas da modalidade na Olimpíada. Mas e o resto? A começar pelo presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, só deu carioca na delegação tapuia. No futebol feminino, seis das jogadoras saíram do Vasco. No masculino tem Zagallo, Bebeto e por aí vai. No judô, em que os paulistas predominam, o carioca é o técnico, Geraldo Bernardes. O técnico do basquete feminino também é fluminense, assim como o Bernardinho do vôlei feminino. Na natação, tem o carioca adotivo Xuxa, e, no iatismo e no hipismo, o sotaque é todo do Baixo Leblon. O Rio de Janeiro dá de mil no resto do país quando se fala em praticar esporte. E ponto final. Outro clichê nauseabundo envolvendo mulheres é aquele que diz que a Vera Fischer está divina, poderosa, super em forma. Semana passada, quando a termocéfala participou de desfile no MorumbiFashion, a turma se desdobrou em elogios. Quem entende de moda disse que ela desfilou feito debutante de festa de 15 anos. Mas para a mídia ela é um exemplo de mulher. Um exemplo que agride fisicamente as amiguinhas da filha, manda o marido para o hospital, enfia tesoura na empregada e xinga de pobre todos aqueles que não tiveram a mesma sorte que ela. Enquanto isso, a Hortência, esta sim, um verdadeiro exemplo de mulher, que está lá em Atlanta mostrando serviço poucos meses depois de ter dado à luz, é uma antipática, uma fresca. Só porque se envolveu em uma briga de trânsito com uma perua, em que a única base que temos para tecer julgamento é a palavra de uma contra a outra. Vai mal, vai mal... Texto Anterior: Maluf quer que CET multe Próximo Texto: Filhotes; Tecnologia de rabo; Jornal caseiro Índice |
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