São Paulo, quinta-feira, 1 de agosto de 1996
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Recuperação é fraca, dizem economistas

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se não houver estímulos por parte do governo, a atividade industrial se manterá estável ou terá insignificante recuperação no segundo semestre, estimulada pelos setores de eletroeletrônicos, carros, farmacêutico e alimentício.
Essa é a previsão de economistas e empresários ouvidos pela Folha após a divulgação, pela Fiesp, da queda de 7,7% na produção industrial em junho frente a maio.
"Os números da Fiesp mostram que as previsões de recuperação no segundo semestre eram muito otimistas", afirmou Affonso Celso Pastore, professor da USP.
Para Paulo Nogueira Batista, professor da FGV, o resultado da Fiesp em junho foi "pior do que o esperado, uma ducha de água fria. Os dados mostra fraqueza na recuperação econômica."
Ele considera que os juros ainda estão altos, o crédito apertado, e a renda não deve crescer muito por causa do desemprego.
"Os bancos estão retraídos e, apesar da sazonalidade favorável ao segundo semestre, acredito que a indústria vai perder novamente participação no Produto Interno Bruto este ano", disse Batista.
Em 95, o PIB cresceu 4% e a produção da indústria, 2%.
Crédito à produção
Para Mario Bernardini, vice-presidente do Ciesp, o principal problema da indústria hoje é a falta de acesso ao crédito para produção.
"O sistema financeiro, hoje, é um entrave ao sistema produtivo. Por medo, insegurança, os bancos não emprestam mais à industria nem mesmo o que emprestavam antes. Só compram títulos públicos que têm liquidez imediata."
Para ele, se o governo não alterar essa situação, só os setores capitalizados -automotivo, alimentos, remédios, eletroeletrônicos e higiene e limpeza- é que terão recuperação no segundo semestre.
A pequena e média empresa, segundo Bernardini, "é que paga o pato. Sem recursos, vai tentar sobreviver no segundo semestre".
O diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Boris Tabacof, defende a desoneração das exportação para estimular a indústria.
O Conselho Superior de Economia da Fiesp, de acordo com Tabacof, concluiu que também fatores externos, como um possível aumento nas taxas de juros dos EUA e alterações no câmbio, podem influir na atividade industrial.

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