São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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Não há fraude, diz Incor

DA REDAÇÃO

O presidente da Fundação Zerbini, Onadyr Marcondes, 70, e o diretor-executivo do Incor, José Manoel de Camargo Teixeira, 48, afirmam que não há fraudes na contabilidade do hospital ou da fundação.
Segundo eles, as irregularidades apontadas em relatório da procuradoria são fruto do desconhecimento dos auditores quanto ao funcionamento do hospital.
"Não há nem nunca houve dupla cobrança nesse hospital", afirma Teixeira.
O Incor, graças a um convênio com a Fundação Zerbini (que é privada), tem basicamente três fontes de receitas: 1- Serviços prestados a particulares ou a pessoas que tenham convênio ou seguro-saúde; 2- Estado, que repassa pessoal e medicamentos por intermédio do HC; 3- União, via SUS (contra apresentação de recibo de serviços prestados) e via Ministério da Saúde, que dá verba como forma de subvenção.
É nas contas do dinheiro que vem do ministério que estaria, segundo auditores, o grosso das irregularidades.
O dinheiro é enviado para pagamento de custeio ou compra de equipamentos.
Segundo Teixeira, quando vem para custeio, o hospital utiliza essa verba para qualquer tipo de despesa. Compra de medicamentos, alimentação ou material usado em cirurgias, como próteses e órteses, por exemplo. Próteses são utilizadas para substituir um órgão ou parte dele. Órteses ajudam o funcionamento do órgão, como o marcapasso, por exemplo, que regula os batimentos cardíacos.
O problema, segundo os auditores, é que quando um paciente precisa de um desses materiais, o hospital cobra por ele, seja o paciente particular, de convênio ou do SUS. Para os auditores, aí estaria configurada a dupla cobrança.
'Ninguém leva dinheiro'
"Isso não é dupla cobrança. Se eu não cobrasse a prótese do paciente particular ou de convênio, o ministério estaria subsidiando esse tratamento. Aí sim estaria configurada uma irregularidade. Eu estaria usando dinheiro público no tratamento de quem pode pagar. E nós cobramos do SUS, porque, do contrário, o dinheiro do ministério não seria subvenção, mas antecipação de receita", diz Marcondes.
"O mais importante é que o dinheiro que nós recebemos dessa cobrança é usado no próprio hospital. Ninguém leva dinheiro para casa."
Teixeira diz que nunca alguém do ministério ou qualquer auditor disse aos diretores do hospital que esse procedimento era irregular.
"O relatório da procuradoria não foi enviado ao hospital. E, apesar de saber que não existe fraude, vamos passar a fazer da forma que eles querem", afirma Teixeira.
Quanto à compra de água e frutas para pacientes particulares com o dinheiro do ministério, Marcondes afirma que o processo é o mesmo dos materiais. "Nós cobramos isso dos pacientes ou dos convênios, e o dinheiro é revertido para o hospital. Não há fraude."

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