São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996 |
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Judô trabalha na 'calada da noite'
JOAQUIM MAMEDE
Tanto que nós lançamos o slogan "Atlanta-96 -A caminho do tri". Havíamos sido campeões olímpicos em Seul-88 e Barcelona-92. E éramos responsáveis por conquistar mais uma medalha de ouro. Conseguimos apoio do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que nos ajudou na fase de preparação, custeando competições no exterior e seletivas, por quase dois anos. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) vem investindo em determinados atletas, que nada mais são do que os mesmos que estiveram em Atlanta. Para a CBJ não é ncessário fazer seletivas. O nosso departamento técnico e eu, particularmente, sabíamos quais eram os melhores atletas. As seletivas só confirmaram as expectativas. Não tivemos surpresas. O Banco do Brasil nos deu apoio há dois anos. Havia a promessa do então presidente do banco de que o judô teria ajuda até Atlanta. Sem mais nem menos perdemos o patrocínio. Não deram explicação. Mas o judô é um esporte de sofredores. Os atletas, por meio de suas academias e familiares, passaram a "bancar" suas viagens. Em maio deste ano, com a intermediação do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), conseguimos a ajuda da Embratel, que cobriu todas as despesas até a Olimpíada. O judô estava trabalhando na "calada da noite". Os resultados em Atlanta ficaram abaixo do esperado. O Aurélio Miguel deixou de ser campeão olímpico. Ele é um homem agressivo, um lutador agressivo. Não pára de "entrar" enquanto não termina a luta. Ele foi derrotado com a luta na mão. Tínhamos certeza de que o Aurélio seria campeão olímpico novamente. Pelo comportamento igual ao de Seul-88, treinando duro, obtendo bons resultados no exterior. Outra decepção foi a Edinanci. Mesmo estando fora de sua categoria (ela é da meio-pesado e competiu na pesado), poderia ficar com o terceiro lugar. Faltou experiência. Mas, pela primeira vez, seis atletas tiveram chances de ganhar o bronze. Só dois conseguiram. O resto perdeu por besteira. O Branco (Edelmar Zanol) perdeu por não ter escutado ninguém. Foi para cima do adversário, recebeu punições e acabou desclassificado. É novo ainda, vai aprender. O Henrique Guimarães (bronze na categoria meio-leve) não foi surpresa. Ele é muito bem cotado na confederação. Luta esquisito, mas naquele esquisito, vai longe. Mas devo acrescentar que essa turma é muito nova. Isso pesa. A entrada num ginásio durante a Olimpíada deixa o pessoal um pouco deslumbrado. Só o Aurélio não teve esse problema. O Aurélio não se impressiona com essas coisas. Dirige até o arbitro durante a luta. O que nós pretendemos agora é investir mais no Aurélio Miguel, Henrique Guimarães, Edelmar Zanol, Flávio Canto, Sebastian Pereira e na Edinanci Silva. Eles têm que ser vistos com outros olhos. As seletivas vão continuar existindo, mas esses atletas já são a base para a equipe de Sydney. Quanto à Edinanci, está decidido que ela volta para sua categoria de origem. No caso dela, a Olimpíada serviu para duas coisas: conseguir a carteirinha de feminilidade e ganhar experiência. Creio que não será necessário fazer pressão para ganhar mais apoio do COB. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman e o vice, André Richer, são inteligentes, sabem que o judô é ganhador. O judô estará no pódio de Sydney-2000 com ou sem ajuda. Texto Anterior: Time bate boca e tenta o bronze Próximo Texto: Estrangeiros; Basquete; Sucesso ou fracasso; Folha Informações; Hegemonia Índice |
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