São Paulo, sexta-feira, 2 de agosto de 1996
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Veredicto deixa ex-nazista impune

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma corte militar da Itália determinou que o ex-capitão nazista Erich Priebke, 83, não será punido pela pior atrocidade da Segunda Guerra Mundial no país, o massacre das Fossas Ardeatinas.
Priebke foi condenado por homicídio múltiplo, mas não recebeu os agravantes de premeditação e crueldade. Os agravantes não foram incluídos, segundo o veredicto, porque Priebke cometeu os crimes por ordens superiores e poderia morrer se não as cumprisse.
O crime de homicídio múltiplo sem os agravantes prescreve em 50 anos, segundo a lei italiana, permitindo então que Priebke saia livre. Se condenado com os agravantes, Priebke pegaria prisão perpétua.
O julgamento terminado ontem pode ser um dos últimos de crimes cometidos por ex-oficiais nazistas.
A promotoria, que pretende apelar da decisão, dizia que o ex-nazista teve papel de liderança na organização do massacre, ocorrido em 1944. O ex-capitão confessou apenas ter matado duas pessoas e ter riscado nomes de uma lista à medida que as pessoas morriam.
O massacre de 335 italianos foi uma resposta à morte de 33 soldados alemães pela Resistência. Para cada alemão morto, deveriam morrer dez italianos. Cinco outros foram incluídos na lista.
Aos gritos de "assassino", centenas de familiares das vítimas impediam que Priebke saísse da sala do tribunal para que fosse levado novamente à prisão, de onde poderia sair na noite de ontem.
Três horas depois de o veredicto ser lido, a polícia ainda não havia conseguido esvaziar o local.
Pelo menos cinco policiais ficaram feridos em confronto com familiares que tentavam agredir o presidente do tribunal, Agostino Quistelli.
Horas depois, a Justiça italiana determinou que Priebke fosse detido novamente. A decisão foi tomada porque a Alemanha pediu a extradição do ex-capitão. Ele foi levado do tribunal para a cadeia.
Segundo Agostino Quistelli, que presidiu os trabalhos, um dos três juízes discordou da decisão. Quistelli e outro juiz foram acusados por uma escritora de ter dito para a defesa que Priebke seria absolvido.
O ex-nazista sorriu rapidamente ao ouvir o veredicto, seu primeiro sinal de emoção no julgamento.
O advogado de Priebke na Argentina, Pedro Bianchi, disse que o ex-nazista pretende voltar ao país. Mas o governo argentino afirmou que vai impedir seu regresso, a pedido de Carlos Menem.
A Alemanha também pediu a extradição de Priebke e pode tentar levá-lo a julgamento.

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