São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Poupança perde R$ 4,5 bi no semestre

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REDAÇÃO

Os saques nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 4,5 bilhões no primeiro semestre, informou ontem o Banco Central. No período, foram encerradas 3 milhões de contas.
A tendência de perda de depósitos se manteve no mês passado. O saldo da poupança caiu de R$ 64,1 bilhões para R$ 63,9 bilhões entre o final de junho e de julho.
A poupança tem sido um dos investimentos de mais baixo retorno nos últimos meses. Só ganha dos fundos de curtíssimo prazo -que remuneram apenas o saldo que ficaria parado numa conta corrente- e tem até ficado abaixo da inflação (leia o texto ao lado).
O dinheiro que sai da poupança vai atrás de aplicações mais bem remuneradas ou do consumo.
Destino do dinheiro
Ronaldo Paiva, chefe do departamento de estudos especiais e acompanhamento do sistema financeiro do BC, arrisca que os pequenos e médios aplicadores provavelmente sacaram para comprar à vista (fugindo dos altos juros do crediário) e para saldar dívidas.
Quem tinha investimentos mais polpudos preferiu mudar de aplicação. Para Paiva, as contas com saldo superior a R$ 4.000 foram desviadas para fundos de investimento, devido ao juro mais alto.
Depósitos à vista
Para Paiva, a tendência de fuga de capital da poupança será revertida. Nos próximos meses, com a mudança no redutor da TR, o rendimento tende a crescer frente ao de outras aplicações.
Ele acha que o investimento voltará a ter a importância que tinha nos anos 80. Em 1985, a poupança representava 35% das aplicações.
Esse percentual caiu para 24,24% em 1989 e continuou decaindo em 1990 (13,64%) -nesse caso, devido ao confisco das contas feito pelo Plano Collor.
Foi se recuperando gradualmente e chegou a 41,31% em fevereiro de 1994, caiu novamente para 27,05% em dezembro de 1995 e ficou em 22,82% em junho de 1996.
Valor da perda
Em julho, a poupança perdeu R$ 899 milhões entre depósitos e saques, disse Paiva. No mês anterior, as retiradas superaram as aplicações em R$ 868 milhões.
Na faixa de aplicações de até R$ 500, foi registrada o fechamento de 2,7 milhões de contas. Nas faixas de aplicação entre R$ 4.000 e R$ 10 mil, somente 233,79 mil contas de poupança foram fechadas.
Os dados do censo semestral das cadernetas de poupança feito pelo BC demonstram que houve queda nos saldos das contas até a faixa de R$ 4.000 de depósito.
Esse recuo foi registrado apesar do crescimento do valor das contas relativo aos juros e à TR.
Tempo passado
No primeiro semestre do ano passado, as cadernetas de poupança tinham mais prestígio. No período, os depósitos superaram os saques em R$ 1,626 bilhão.
Os saques líquidos no primeiro semestre ficaram limitados às contas de até R$ 4.000.
As contas acima desse valor não apresentaram redução de saldo, mas o crescimento foi irrisório, devido somente aos rendimentos creditados, segundo o BC.
Entre 29 de dezembro de 1995 e 28 de junho de 1996, os depósitos dos FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) de curto prazo (até 90 dias) cresceram R$ 22,999 bilhões, segundo dados do BC.

Colaborou a Redação

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