São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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EBTG renasce da dance music

EVA JOORY
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

O Everything but the Girl dá sinais de renovação. Depois de anos (surgiu em 1984 junto com a corrente do pop jazz na Inglaterra), a dupla resolveu experimentar a fama fazendo dance music.
Deu certo. Desde o lançamento e sucesso de "Missing" em 1994, a dupla formada por Tracey Thorn e Ben Watt ficou conhecida no mundo inteiro, da Itália aos EUA, do Japão ao Brasil. Mesmo assim, o duo conservou o romantismo, um de seus melhores atributos.
O EBTG ficou fora de cena durante dois anos por causa de uma doença que deixou Watt entre a vida e a morte, chamada Churgh Strauss Sindrome.
Para Tracey, sua companheira desde os tempos de estudantes, quando descobriam juntos o ritmo da bossa nova, a doença de Watt foi um trauma. É o que ela revela em entrevista exclusiva à Folha, por fax de Nova York.
*
Folha - Como você lidou com a doença de Ben Watt?
Tracey Thorn - Depois de um trauma como esse, você se sente como se sua pele tivesse sido retirada. Você anda meio desligada, esquisita. Todo mundo imagina que você ficaria eufórica depois de algo tão terrível e agradecida por estar viva, mas não é assim.
Folha - Qual a idéia por trás de "Walking Wounded"?
Thorn - Músicas com batidas. As pessoas pensam em nós como uma dupla que escreve canções. Isso não mudou, só trouxemos novidades. Vai soar melhor porque é mais forte, mais duro e mais barulhento. Você pode ter músicas fortes com um quê de tristeza e letras raivosas, com mais batidas. Isto não significa que é um house non-stop durante 40 minutos. Há influências de jungle e drum'n'bass no disco novo, mas também tem um hip hop acústico.
Folha - Porque o interesse em dance music?
Thorn - Me sinto como se estivesse num grupo novo, desde "Amplified Heart" (94). Este ano tentamos juntar os melhores ritmos do que fazíamos nos anos 80 e adicionar influências modernas. Nosso primeiro passo foi a colaboração com Massive Attack, os sucessos de "Missing" e de seus remixes. O que estamos fazendo agora com "Walking Wounded" é um passo à frente, com um balanço mais contemporâneo, não só de dance.
Estamos nos levando a sério de novo como banda, o que havíamos perdido. Estávamos intimidados pela cena musical.
Folha - Como se sentem sendo populares no mundo todo e não mais uma banda de estudantes?
Thorn - Estou orgulhosa. É ótimo ser reconhecido, mesmo um ano depois de "Missing". Fico feliz por ser com esse tipo de música, que é o queremos agora. Seria frustrante se tivéssemos um hit com uma balada acústica.
Folha - Como foi a colaboração com o Massive Attack?
Thorn - Começou com um convite dizendo que precisavam de uma cantora, depois que a Shara Nelson saiu da banda. Quase desmaiei, me senti lisonjeada.
Folha - Você poderia imaginar que o EBTG mudaria de direção?
Thorn - Essa mudança nos aliviou. Sempre me senti longe desse universo. "Walking Wounded" é exatamente como planejamos. Como a jungle music é rápida, eu posso cantá-la com um meio tempo de bossa-nova, mesmo se a batida está fervendo por fora.

A jornalista Eva Joory viajou a Nova York a convite da gravadora Virgin

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