São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Morre Michel Debré, premiê de De Gaulle

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

Michel Debré, primeiro-ministro francês durante a presidência do general Charles De Gaulle entre 1959 a 1962, morreu ontem aos 84 anos.
Homem de confiança de De Gaulle -que conheceu durante a Resistência à ocupação alemã-, Debré foi o primeiro primeiro-ministro do presidente.
Ele ocupou o cargo durante os últimos anos da Guerra da Argélia. Era contrário à independência do país, mas preferiu permanecer fiel a De Gaulle.
Prisioneiro de guerra durante a Segunda Guerra Mundial, o premiê também foi um dos pais da Constituição da 5ª República (fundada em 1958) da qual foi uma das principais figuras políticas.
Debré era considerado um dos últimos "barões" do gaulismo. Além de primeiro-ministro, ele foi ministro da Defesa, Justiça, Finanças e Relações Exteriores.
Ele se candidatou à Presidência em 1981, quando os socialistas chegaram ao poder com François Mitterrand.
Nessa época, Debré obteve apenas 1,66% dos votos.
Durante a campanha ele se definiu da seguinte maneira: "Não sou nem um liberal, nem um socialista, nem um nacionalista, nem um mundialista, nem um keynesiano, nem um rooseveltiano, nem um reaganista."
Em janeiro de 1992, ele decidiu se retirar da vida política.
Dois de seus filhos seguiram a carreira política. Próximo do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur, Bernard Debré foi ministro da Cooperação.
O atual ministro do Interior, Jean-Louis Debré, é ligado ao presidente Jacques Chirac.
Um dos pontos que unia a família era a recusa à integração européia. Michel Debré a considerava um perigo à soberania nacional. Durante o referendo sobre a aceitação do Tratado de Maastricht pelos franceses, os irmãos Debré votaram contra.
Michel Debré será enterrado segunda-feira em Amboise, onde o primeiro-ministro foi prefeito entre 1966 e 1989.
'Exemplo'
O presidente francês Jacques Chirac e o primeiro-ministro Alain Juppé devem participar da cerimônia.
"Michel Debré era uma referência e um exemplo", afirmou Chirac.
Ele lamentou a morte de Debré, "um homem de coração, do dever e da fé, que já faz falta à França".
O presidente francês também ressaltou "o rigor, a exigência moral, o senso de Estado e a fidelidade" de Debré.

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