São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Morre líder somali Mohamed Eidid

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O principal líder da Somália, Mohamed Farah Eidid, morreu na quinta-feira e foi enterrado ontem no sul de Mogadício (capital).
Ele foi vítima de uma parada cardíaca quando era operado de um ferimento a bala no fígado, segundo seus porta-vozes.
Ele fora atingido no dia 24, durante um confronto no subúrbio de Medina (zona sul da capital) contra outra das facções que dominam o país. A Somália praticamente não tem governo desde o início da década.
Na semana passada, a Aliança Nacional Somali-Congresso da Somália Unificada (ANS-CSU), o grupo de Eidid, negou que seu líder tivesse sido ferido em combate.
A morte de Eidid, 62, pode abrir caminho para a paz no país. O principal inimigo da facção dele, Ali Mahdi Mohamed, declarou cessar-fogo incondicional e disse esperar ter um relacionamento "melhor" com os sucessores do general morto.
O grupo de Eidid anunciou que, de início, um conselho de quatro membros tomará as decisões.
"Hoje (ontem) tenho as melhores esperanças de paz. Decidimos fazer um apelo a todo o povo somali para parar a guerra e discutir o futuro da Somália", disse Ali Mahdi.
Nos últimos meses, Eidid vinha se negando a participar de reuniões de paz. Ele exigia para isso ser reconhecido presidente da Somália -o que não era feito nem pelas facções rivais nem pela comunidade internacional.
A Aliança para a Salvação da Somália, o grupo de Ali Mahdi, domina o norte de Mogadício. Mahdi se torna agora o homem mais importante da Somália.
Enterro
Segundo testemunhas, o clima na parte sul da capital, dominada pelo grupo de Eidid, era tenso, porém calmo, durante o enterro. Cerca de 10 mil pessoas acompanharam o cortejo.
O corpo deixou a casa do líder em um jipe, coberto por bandeiras, e foi levado para uma mesquita, onde foi enterrado. Durante o trajeto, jovens milicianos gritavam vivas ao general morto e prometiam "continuar sua obra".
Não houve discurso no cemitério. Para hoje, está prevista uma cerimônia pública em um estádio do sul da capital. Haverá luto oficial de 30 dias na região.
Na área norte, segundo diplomatas, a morte do comandante inimigo foi recebida com indiferença.
Para os habitantes dessa região, Mahdi é o "presidente interino" do país. Ele foi eleito em julho de 1991, em um congresso no Djibuti (pequeno país localizado ao norte da Somália).
Todas as facções somalis -inclusive a de Eidid- participaram da reunião, menos o Movimento Nacional de Resistência, que age no norte do país e tem pequena influência nacional.
As diferenças entre as facções estão baseadas principalmente nos vários clãs e subclãs do país.
Em setembro do ano passado, entretanto, Eidid declarou-se presidente do país. Nas últimas semanas, o conflito nas ruas da capital se reiniciou de forma violenta.
Nesse período, já morreram cerca de cem pessoas, e 400 ficaram feridas.

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