São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Morte de bispo é provocação, diz França

País atribui bomba na Argélia a islâmicos

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

O assassinato do arcebispo de Orã (Argélia), dom Pierre Claverie, foi encarado pela diplomacia francesa como uma resposta da guerrilha islâmica GIA ao apoio da França ao governo argelino.
A França investe cerca de 6 bilhões de francos (cerca de R$ 1,2 bilhão) por ano na Argélia, sua colônia até 1962.
A morte do bispo ocorreu anteontem, pouco após ele ter se encontrado com o ministro de Relações Exteriores da França, Hervé de Charette.
Charette estava em visita à Argélia com a missão de incrementar as relações entre os dois países. Ele se encontrou com o presidente argelino, Liamine Zéroual.
Ontem, em Paris, De Charette declarou que o assassinato de Claverie não mudará o relacionamento político entre os dois países.
O governo francês exprimiu seu "horror e indignação" com o assassinato, que ocorreu quando uma bomba explodiu na casa do arcebispo.
Paralelamente, o Ministério das Relações Exteriores reiterou o pedido aos franceses que vivem na Argélia para deixar o país.
Religiosos
Claverie é o 19º religioso católico e o 41º francês morto na Argélia desde 1993, pouco após os primeiros confrontos entre o governo militar e a oposição islâmica.
Todas as mortes são atribuídas aos grupos islâmicos.
No dia 21 de maio, sete monges trapistas franceses foram degolados pelo GIA (Grupo Islâmico Armado) pouco após terem sido sequestrados.
Claverie era bispo de Orã havia 15 anos e, durante a Guerra da Argélia, entre as décadas de 50 e 60, foi favorável à independência.
Em "Lettres d'Algérie" (Cartas da Argélia), livro publicado em dezembro de 1994, Claverie afirmou que na Argélia "a morte pode vir de qualquer lugar, em qualquer momento e por qualquer um".
Hoje, entre 300 e 400 religiosos católicos -a maioria estrangeira- vive na Argélia e se recusa a deixar o país.

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