São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Segurança relativa

SELMA BALBINO

Ao contrário do que possa parecer, os aeroportos e a aviação brasileira possuem uma segurança relativa contra atentados terroristas, como o ocorrido com um Jumbo da companhia norte-americana TWA, em julho deste ano. Se, hoje, fôssemos alvo de uma dessas ações genocidas em nossos aeroportos, constataríamos a vulnerabilidade destes no item segurança.
A primeira dessas vulnerabilidades está no pouco rigor das companhias aéreas na fiscalização das empresas de segurança contratadas. Ao terceirizar seus serviços de segurança para essas empresas, as companhias aéreas brasileiras o fizeram muito mais por critérios financeiros do que qualitativos, resultando num aumento dos extravios de bagagem e no risco à integridade dos passageiros. O assalto a um vôo regional da TAM, por exemplo, em São José dos Campos, comprovou essa vulnerabilidade.
Da parte da Infraero, também são grandes as deficiências. Além de terceirizar parte dos seus serviços de segurança para pequenas empresas de qualificação duvidosa, a Infraero tem priorizado, junto com o governo federal, o combate ao tráfico de drogas. O que é certo, mas insuficiente, uma vez que ainda não existe um plano preventivo de segurança contra o terrorismo.
A simples presença de agentes da Polícia Federal nas pistas de pouso e decolagem dos nossos aeroportos, como ocorre hoje, não nos protegerá de ações genocidas promovidas por grupos políticos radicais.
Enquanto representante de uma entidade de classe, entendo que, embora a segurança nos aeroportos tenha recebido alguns investimentos nos últimos anos, ela não deve ser obra apenas do Ministério da Aeronáutica, das companhias aéreas ou dos poderes públicos em nível federal, estadual e municipal.
Mais do que isso, o seu aperfeiçoamento também deve abranger as iniciativas de toda a sociedade. Assim, não concebo uma nova política de segurança para a aviação sem as sugestões apresentadas por passageiros, sindicatos de aeroviários, aeronautas e controladores de vôo, além, é claro, da própria Infraero. É o mínimo para nos considerarmos uma democracia.

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