São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'A política do governo FHC atrapalha'

ELEONORA DE LUCENA
DA REDAÇÃO

Carpete manchado, divisórias simples, funcionários com "bottoms" do PT. Nesse cenário montado no prédio centenário do Paço dos Açorianos (sede do governo) trabalha Tarso Genro.
Ganha salário bruto de R$ 6.750 e dá 30% para o partido. Ex-militante da Ala Vermelha do Partido Comunista do Brasil e do Partido Revolucionário Comunista, o prefeito conta que se exilou no Uruguai nos anos 70.
Advogado trabalhista, acha que pouco mudou sua maneira de pensar -"a essência continua a mesma", declara. Mas, hoje, o prefeito já não considera o marxismo uma "filosofia integral": ele é apenas mais um dos elementos de abordagem do mundo, diz.
Fala da prefeitura e não encontra muitos pontos fracos na administração petista. Não descarta a inclusão de seu nome como candidato à Presidência. A seguir, sua entrevista.
Folha - Como o sr. definiria, em uma frase, o seu estilo de administração?
Tarso Genro - Participação da sociedade civil e relação direta do prefeito com os setores mais excluídos da sociedade.
Folha - Qual a principal marca do seu governo?
Genro - Foi abordar a cidade como totalidade, transformando o governo municipal em agente de desenvolvimento econômico e de relações internacionais e de tocador de obras para as classes populares.
Folha - O governo FHC ajuda ou atrapalha a gestão?
Genro - A política recessiva do governo federal atrapalha. O governo Fernando Henrique nem nos persegue nem nos favorece.
Folha - O sr. é a favor da reeleição?
Genro - Sou a favor da reeleição a partir do próximo mandato. Não no mandato atual, porque ele iria alterar as regras que produziram os atuais mandatos.
Folha - Quem deve ser o candidato do seu partido à Presidência da República?
Genro - Na minha opinião, se o Lula quiser ser candidato, ele deverá ser. Se não estamos em aberto para discutir. Eu posso ser uns dos 15 nomes disponíveis que o partido pode ter para pensar nessa questão. Não me considero candidato. Essa discussão tem que começar no ano que vem.
Folha - O sr. é de esquerda?
Genro - Sim.
Folha - Quem é o seu modelo de político?
Genro - Meu modelo de político é uma fusão de um intelectual com um homem de ação política. Eu diria que é uma fusão de Norberto Bobbio com Antonio Gramsci. Não sei se existe.
Folha - Qual a principal qualidade que o sr. vê no prefeito Paulo Maluf?
Genro - Sua determinação.
(EL)

Texto Anterior: Prefeito de Porto Alegre
Próximo Texto: Novidades 'vitaminam' aprovação de Maluf
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.