São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996 |
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Novidades 'vitaminam' aprovação de Maluf
JOSIAS DE SOUZA
Maluf não é propriamente um leitor voraz. Mas, provocado, diz ter folheado, "há uns 30 anos", a "Divina Comédia", o livro em cujas páginas o poeta florentino Dante Alighieri percorre o inferno, o purgatório e o paraíso. O prefeito estabelece paralelos entre o clássico da literatura e sua própria trajetória. Imagina ter cruzados as fronteiras do inferno. Seu termômetro é a evolução das pesquisas de opinião -52% dos paulistanos o avaliam como ótimo ou bom, segundo a última sondagem do Datafolha, feita em julho. Maluf imagina, entre risos, seu encontro com Deus: "Ele perguntou o que eu havia feito no mundo. Respondi: ergui o minhocão, fiz o metrô, a Rodovia dos Imigrantes, a Estação Rodoviária do Tietê, o Aeroporto de Cumbica..." O prefeito prossegue: "Deus perguntou que pecados cometi. Eu disse: tive alguns pecadilhos menores. E Ele me disse que ainda não mereço a eternidade do céu (no caso de Maluf, a presidência da República). Fui condenado a mais três anos de purgatório (na Prefeitura de São Paulo)." A popularidade do prefeito é vitaminada por duas novidades: Projeto Cingapura, que distribui microapartamentos a favelados e o PAS (Plano de Atendimento à Saúde), que transformou hospitais em cooperativas de médicos (veja reportagem na página seguinte). Gosto do eleitor Pioneiras, as duas iniciativas não chegam a representar uma solução definitiva para os problemas habitacionais e de saúde dos habitantes de São Paulo. Mas, propagandeadas à exaustão, caíram no gosto do eleitorado e grudaram em Maluf a imagem de um político preocupado com o social, suavizando-lhe o perfil de tocador de obras viárias. Em 1995, a prefeitura gastou cerca de R$ 32 milhões em publicidade. No primeiro semestre de 1996, desembolsou mais R$ 20 milhões. O sucesso de Maluf transformou a sucessão municipal em arena federal. Apresentado como azarão, Celso Pitta, candidato do prefeito, ultrapassou José Serra (PSDB) nas pesquisas. O discurso de Pitta está ancorado na idéia da continuidade administrativa. Com 19% da preferência do eleitorado, o candidato de Maluf está praticamente empatado com Francisco Rossi (22%) na segunda colocação. Um feito que transforma Maluf no principal entrave ao plano do PSDB de mudar a Constituição para permitir a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Texto Anterior: 'A política do governo FHC atrapalha' Próximo Texto: 'Reeleição agora é golpe, casuísmo' Índice |
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