São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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PF vê sinais de divisão entre dirigentes

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O depoimento do ex-vice-presidente de Operações do Banco Nacional Arnoldo de Oliveira, marcado para terça-feira, servirá para comprovar se realmente há cizânia entre os dois grupos que dirigiam o banco. Os grupos são conhecidos como "família" e "Citibank".
A possibilidade dessa divisão entre os ex-dirigentes do Banco Nacional começou a aparecer quando Oliveira trocou de advogado, passando a ser assistido, ainda não oficialmente, pelo criminalista José Carlos Fragoso.
O depoimento do ex-vice-presidente de Controladoria Clarimundo Sant'Anna, na terça-feira, na sede da Polícia Federal, procurando incriminar Oliveira e inocentar o presidente do banco e acionista majoritário, Marcos de Magalhães Pinto, reforçou a tese.
As respostas de Oliveira, dizendo que não tinha "carta branca" dos Magalhães Pinto para administrar o banco e que as decisões sobre crédito e balanços eram dos controladores, fizeram pensar que ele poderá avançar nos esclarecimentos sobre a participação dos Magalhães Pinto na maquiagem dos balanços do Nacional.
A dúvida é se essa divisão entre os representantes da "família" e do "Citibank", os egressos do banco norte-americano, que assumiram o Nacional em 1988, sob o comando de Oliveira, é real ou uma estratégia da defesa.
Oliveira
Para esclarecer esse ponto, o depoimento de Oliveira está sendo aguardado com interesse. No caso de ele responsabilizar com fatos ou indicações firmes os Magalhães Pinto como os cérebros da fraude de créditos fictícios em 652 contas correntes, no valor de R$ 5,3 bilhões, ficaria clara a divisão.
No caso de, em seu depoimento, ele apenas negar conhecer os fatos e se limitar a informações genéricas sobre a participação dos Magalhães Pinto, poderia caracterizar-se uma ação da defesa com o intuito de preservar os controladores, sacrificando alguns dos executivos (como Sant'Anna).
Fariam parte do grupo conhecido como "família", além de Marcos e Eduardo de Magalhães Pinto, os diretores Nagib Antônio, Geraldo Tonelli e Germano Brito Lyra. Comporiam o grupo "Citibank" Nuhan Szprinc, Georg Lipztein, Roberto Freire e Benedito Duarte, além de Arnoldo de Oliveira.

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