São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Governo quer ressuscitar indústria bélica nacional

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer ressuscitar a indústria bélica nacional intensificando as exportações, melhorando a qualidade tecnológica dos produtos e garantindo o suprimento básico das Forças Armadas.
Os alvos principais da remontagem dessa indústria são a Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), estatal ligada ao Ministério do Exército, e a Avibrás, empresa privada de São José dos Campos.
No auge da produção, na década de 80, foram exportados mais de R$ 500 milhões (1987), contra menos de R$ 100 milhões este ano.
A reestruturação da Imbel, que é de segurança nacional para os ministros militares, começou pelo saneamento financeiro.
O trabalho foi feito pelo general-de-exército Armando Luiz Malan de Paiva Chaves, designado para presidir a empresa pelo ministro Zenildo de Lucena (Exército).
Em dois anos, Chaves intensificou a formação de joint ventures e espalhou representantes da Imbel por toda a América Latina.
No passo seguinte, Chaves promoveu associações com estatais da França, Reino Unido, Suécia e Portugal para obter tecnologia que permitisse melhorar os produtos.
"A Imbel existe para dar um mínimo de equipamento de defesa às Forças Armadas brasileiras. Munição é necessidade básica para ter independência", disse Chaves.
Os clientes mais importantes da Imbel são EUA e Canadá. Para esses países, a Imbel exporta essencialmente armas de uso civil.
O produto mais importante do catálogo da Imbel é o FAL (fuzil automático leve, calibre 5.56 mm), adotado pelo Exército brasileiro e em cerca de 90 países.
Segundo Chaves, o FAL, após algumas modificações simples, transforma-se numa arma de uso civil, basicamente para atiradores.
A Imbel também faz explosivos para o setor de mineração, simuladores de tiro, equipamentos de rádio e sistemas computadorizados de tiro de artilharia de campanha.
Avibrás
No caso da Avibrás, que forma com a Embraer a dupla de empresas privadas com produtos na pauta de exportação de material bélico, a reestruturação passa pela diversificação, iniciada há seis anos.
Hoje, ela fabrica tubos sem costura, antenas parabólicas e outros equipamentos de telecomunicações. Várias indústrias alugam seus laboratórios de precisão para análise e teste de produtos.
Atualmente, o principal produto de exportação da Avibrás é o Astros 2, sistema de bombardeio que usa um caminhão como plataforma de lançamento de mísseis.
Arábia Saudita, Irã e Iraque eram os principais compradores do Astros 2. Em 87, a empresa exportou o equivalente a R$ 300 milhões para esses três países. Segundo a Avibrás, Irã e Iraque não são mais clientes, devido ao embargo à venda de armas àqueles países.

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