São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Assistência ruim à mulher explica índice

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A precária rede de assistência à saúde e o grande número de mulheres que não fazem pré-natal são as principais razões para o altíssimo índice de nascimentos de risco no Brasil.
Nesses partos, mãe e filho correm perigo de vida.
Os fatores que podem levar à mortalidade -como idade, partos múltiplos ou curto espaço de tempo entre os nascimentos- "poderiam ser reduzidos se houvesse uma melhor assistência", diz Antonio Fernandes Moron, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), antiga Escola Paulista de Medicina.
Tsumoto Aoki, da Associação Paulista de Medicina e da Santa Casa de São Paulo, diz que os serviços de saúde encaminham as mães a uma maternidade somente quando chegam aos sétimo mês.
"No período em que mais precisam de assistência, as mulheres deixam de ser acompanhadas", afirma.
"Só vão aparecer nos hospitais quando o filho já está nascendo."
Programa
A Santa Casa criou um pré-natal específico para "crianças e adolescentes". Segundo Aoki, é comum meninas de 11 anos procurarem ajuda quando já estão com sete ou oito meses de gravidez.
O risco fica por conta das precárias condições em que, em geral, vivem as adolescentes.
O alto índice de cesarianas -que chega a 90% em alguns hospitais particulares- exige pelo menos dois anos entre um parto e outro para que o organismo da mulher se recupere.
Entre os fatores de risco, Moron cita também a primeira gravidez e malformação congênita.
Discussão
Os riscos para a mãe e o bebê serão tema do 3º Encontro Nacional de Medicina Fetal que acontece de 22 a 25 deste mês, em São Paulo.
Segundo Moron, que preside o congresso, os debates são abertos a todos os profissionais que trabalham com planejamento familiar, gravidez e puerpério -período para que a mulher se recupere do parto.

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