São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Frio e geografia unem gaúchos

LÉO GERSCHMANN
FREE-LANCE PARA A FOLHA,

Historiador diz que não é o preconceito que leva a população da região Sul a casar com conterrâneos

Frio e geografia juntam casais gaúchos

em Porto Alegre
Os gaúchos preferem casar com gaúchos. O principal motivo: a homogeneidade da população do Rio Grande do Sul, de acordo com historiador Voltaire Schilling, da UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Segundo ele, o clima frio, a ausência de ofertas no mercado de trabalho para trabalhadores de outros Estados e a boa qualidade de vida são os fatores indicados por Schilling para explicar o fato.
"Esse conjunto de situações limita as opções. Quando algum nordestino, goiano ou mineiro busca outro lugar para trabalhar, procura os mercados paulista e carioca, por causa da maior oferta."
Schilling afirma que o frio afugenta brasileiros de outros Estados, além de o gaúcho não trocar o padrão de vida existente no Rio Grande do Sul pelo de outro local.
Segundo ele, não existe preconceito dos povos do Sul em relação ao resto do país. O músico gaúcho Renato Borghetti, 33, o Borghettinho, concorda com Schilling.
"Eu me casei com a Cadica (a dançarina Cláudia Borghetti, 33) porque nós nos conhecemos e pintou a paixão. Ela poderia ser de qualquer outra nacionalidade, naturalidade, religião ou cor, isso não vinha ao caso."
Renato (que é de Porto Alegre) e Cláudia (que é de Alegrete, município a 487 km da capital gaúcha) se conheceram em 1983, quando o músico tinha suas turnês restritas ao Rio Grande do Sul.
"Se naquela época eu já viajasse por outros Estados e países, a história poderia ter sido diferente."
O caso do secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Cezar Busatto, 45, e da vereadora de Porto Alegre Clênia Maranhão (PMDB), 45, é um exemplo de gaúcho que viajou para fora do Estado e conheceu uma nordestina, com quem se casou.
Busatto e a paraibana Clênia se conheceram no México em 1978.
"Na época, a situação era estranha, as pessoas perguntavam onde a gente havia se conhecido", diz Clênia Maranhão.

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