São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Promessa de governo é criticada

DA REPORTAGEM LOCAL

A demora do governo em comprar os novos remédios anti-Aids foi criticada por vários participantes do debate da Folha.
"O governo vem prometendo a compra dos inibidores de protease (remédios que dificultam a multiplicação do vírus) desde março passado. Vamos parar com promessas. Ou se compra ou se fala a verdade", disse o infectologista Vicente Amato Neto.
Segundo cálculos do Ministério da Saúde, serão necessários R$ 117 milhões para a compra dos medicamentos para os doentes de Aids ao longo de um ano. Estados e municípios deverão arcar com 30% desses gastos.
Artur Kalichman, coordenador do Programa de Aids no Estado, disse que o governo já tomou "a decisão política de comprar os remédios". Segundo ele, R$ 10 milhões foram reservados para isso.
"Estamos por conta das licitações exigidas por lei", afirmou.
Segundo ele, o 3TC será comprado diretamente, por ser produzido por um só laboratório. Já os inibidores de protease são produzidos por três laboratórios.
Uma das possibilidades é a compra das três drogas, o que apressaria os procedimentos e beneficiaria os pacientes, já que elas têm diferentes indicações.
Por força de uma liminar concedida pela Justiça, o Estado vem fornecendo 3TC e um inibidor de protease a uma paciente.
Mário Scheffer, do Grupo Pela Vidda, disse que as regras do governo não diferenciam a compra de batatas da aquisição emergência de um medicamento. "Os dois demoram igualmente", disse.
Outra questão levantada no debate foi a necessidade da contagem viral, exame que determina a quantidade de vírus na corrente sanguínea. Até agora, a rede pública de São Paulo não faz esse exame.
Segundo os debatedores, o exame permite a aplicação do remédio no momento mais adequado.

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