São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Gafes podem comprometer novo emprego

Cursos se multiplicam no país

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Gafe, fora, mancada, saia justa. Seja lá qual for o nome que as pessoas queiram dar, o fato é que a globalização trouxe uma facilidade a mais para o mundo dos negócios: a de cometer gafes.
Isso porque atitudes de extrema educação no Brasil podem ser consideradas audácia ou até ofensa para alguns estrangeiros.
O resultado é a multiplicação dos cursos de etiqueta -tanto interna quanto externa-, que ensinam desde regras básicas de como se vestir adequadamente para uma entrevista de emprego até como se portar em um jantar.
"Gafe é quando a etiqueta não funciona", resume Claudia Matarazzo, 37, que ministra palestras e cursos sobre o tema.
Um exemplo de hábito comum para japoneses é receber cartão de visita com as duas mãos.
"Tudo o que você recebe precisa ser com muito carinho e cuidado", explica Lumi Toyoda, 51, diretora da Espade (Escola Paulista de Arte e Decoração) e professora de cultura e etiqueta social japonesa.
Outra gafe "à brasileira", também relacionada a cartões: a famosa pontinha dobrada. "É infame, jamais faça isso", diz Claudia.
Um candidato a emprego é analisado nos dez segundos em que aparece para a entrevista -por isso a roupa conta muito. O melhor a fazer é ser discreto (veja regras básicas no quadro abaixo).
Grandes oportunidades de emprego e negócios são desperdiçadas graças a gafes, afirma Celia Ribeiro, 67, jornalista e autora de livros de comportamento.
"As pessoas passaram a ter mais cuidado com etiqueta no mundo dos negócios graças em parte à preocupação com a qualidade."
Estrangeiros se estranham até assimilar a cultura do país. É normal alguém ter de comer olhos de animais -recusar comida é gafe em quase todo o mundo.
No Japão, é comum levar ocidentais para programas com garotas -em estabelecimentos de alto nível, claro- depois de fechar um negócio. "É equivalente a levar a uma boate. E chega até a consumar o fato", afirma Lumi, que é filha de japoneses, aos risos.

Cursos e palestras - Claudia Matarazzo: (011) 885-6412; Celia Ribeiro: (051) 331-2197; Espade (Escola Paulista de Arte e Decoração): (011) 288-1988.

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