São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Novos terroristas vão atacar com armas químicas, vírus e bactérias

DA "NEW SCIENTIST"

Atentados podem usar bactérias como a da peste e matar milhares; mesmo os EUA ainda não têm meios de defesa eficazes
Num dia ensolarado, um avião teco-teco sobrevoa por 15 minutos uma grande cidade e despeja cerca de 100 kg de uma bactéria. Alguns dias depois, o ataque bioterrorista terá provocado 300 mil mortes.
"É realmente apenas uma questão de tempo até que os bioterroristas -ou quimioterroristas- ataquem. Não entendo por que ainda não aconteceu", diz Raymond Zilinskas, biólogo da Universidade de Maryland (EUA). Zilinskas também participou da caça aos estoques de armas químicas e biológicas no Iraque, depois da Guerra do Golfo.
A primeira tentativa, ainda "amadora", já ocorreu. Em 1995, a seita japonesa Aum matou 12 pessoas e mandou outras 5.000 para o hospital em um ataque com gás Sarin no metrô de Tóquio.
"As pessoas precisam reconhecer que a ameaça do bioterrorismo não é uma curiosidade, mas uma sinistra realidade deste final de século", diz Kyle Olson, analista de armas químicas e biológicas da Tasc, uma consultoria de segurança de Arlington, Virgínia (EUA).
As universidades e a indústria de biotecnologia contribuem indiretamente para o bioterrorismo.
Nos EUA, o número de doutorados em ciências biológicas cresceu 30% entre 1975 e 1991. A indústria americana emprega cerca de 60 mil cientistas na área biológica.
Há mais de 1.300 empresas de biotecnologia nos EUA. Não havia nenhuma há 25 anos.
A ameaça não vem de cientistas malucos, diz Zilinskas. Na verdade, o uso difundido de técnicas básicas da indústria biológica transferiu o poder de criar armas biológicas "tradicionais" para as mãos de dezenas de milhares de pessoas.
Entre algumas delas, estão os novos terroristas. Não seriam os movimentos terroristas politicamente organizados, que tentam obter um lugar nas mesas de negociação Muitos apontam para um novo ramo de terrorismo -que eclodiu com a seita japonesa Aum- que dispensa motivações políticas.

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